Sauditas e aliados publicam lista de terrorismo apoiado pelo Catar

A Arábia Saudita e seus aliados, que romperam relações com Doha, publicaram nesta quinta-feira (8) uma lista de pessoas e de organizações vinculadas a atividades que qualificam como terroristas apoiadas pelo Catar, o qual refutou qualquer intervenção em sua política externa.

Segundo um comunicado conjunto de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bahrein, as 59 pessoas e 12 organizações incluídas nesta lista negra “estão conectadas com o Catar e respondem a uma agenda suspeita que põe em evidência a dualidade das políticas do Catar”.

O comunicado demonstra ainda que o Catar “proclama, por um lado, combater o terrorismo e, por outro, financia, apoia e acoberta diferentes organizações terroristas”.

A lista contém pelo menos dois nomes internacionalmente apontados como apoiadores financeiros do terrorismo e contra os quais – segundo o último informe do Departamento de Estado americano – o Catar já atuou.

Trata-se de Sad Al Kabi e Abd Al Latif Al Kawari, mencionados entre as dezenas de indivíduos e de entidades apontados pela Arábia Saudita e por seus três aliados.

“Os quatro países concordaram em apontar 59 pessoas e 12 entidades em sua lista do terrorismo” e, segundo o comunicado, prometem “não ser indulgentes na hora de perseguir” essas pessoas, ou grupos.

Catar rejeita intervenção

Mais cedo, o ministro catariano das Relações Exteriores havia declarado à AFP que seu país rejeitaria qualquer intervenção em sua política externa. “Ninguém tem o direito de intervir na nossa política externa”, declarou o xeque Mohammed ben Abderrahmane Al-Thani em entrevista à AFP em Doha.

Ele excluiu, no entanto, que a crise atual leve a um conflito armado. “Uma solução militar não é uma opção”, garantiu.

Na entrevista, o chefe da diplomacia do Catar afirmou que o país conseguiria suportar “eternamente” o bloqueio imposto por Riad e por seus aliados. Também declarou que seu país respeita seus compromissos internacionais e não suspenderá suas entregas de gás aos Emiratos Árabes Unidos.

Mudança de política

Os sauditas e os seus aliados consideram que o Catar deve “mudar de política” e seguir a mesma linha que seus vizinhos a respeito dos movimentos islâmicos radicais e em sua relação com o Irã, grande rival xiita do reino saudita, majoritariamente sunita.

“Esperamos que nossos irmãos do Catar tomem as medidas corretas para acabar com essa crise”, disse o ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir.

Os Emirados Árabes Unidos, país mais crítico com o Catar, mantêm uma posição extrema, qualificando as autoridades de Doha como “campeãs do extremismo e do terrorismo na região”.

Al-Jazeera sofre ciberataque

Nesta quinta-feira, a emissora de TV do Catar Al Jazeera informou que estava lutando contra um vasto ciberataque, que tinha como alvo “todos os seus sistemas”. Seu site ficou várias vezes fora do ar durante o dia.

Na segunda-feira, a Arábia Saudita já tinha fechado os escritórios da emissora catariana, que conta com cerca de 80 redações em todo o mundo e emite em vários idiomas.

A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) condenou o fechamento e denunciou que a emissora é “vítima colateral” da campanha diplomática contra Doha.

Fundada há mais de 20 anos pelo governo do Catar, a Al Jazeera atuou como caixa de ressonância dos movimentos da Primavera Árabe.

France Press

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