Mulheres candidatas do PSB querem seus espaços e saem da zona de conforto

5Aconteceu hoje (1), na sede do PSB, encontro com as mulheres do partido para discutir a sua participação nas eleições de 2016. Atualmente a mulher partidária tem direito a 30% da cota das legendas nas candidaturas, 5% do fundo partidário para o empoderamento da mulher na política e 10% do espaço de TV e rádio no horário gratuito partidário. Mas elas querem, além de mais espaços, que os já existentes sejam usados corretamente. “A lei determina que nas eleições tem que haver 30% de candidatas – que os homens não fortalecem, não apoiam; mas quando chega na hora, querem a gente para candidatas para bater a cota”, afirmou a secretária Nacional das Mulheres do PSB, Dora Pires.

Já a presidenta estadual do partido, Katia Born Ribeiro, avaliou que as mulheres tem que começar a discutir nas suas cidades uma agenda nova, uma agenda moderna, que contemple a pluraridade.

A senadora da Baía, Lídice da Mata, analisa que é preciso eleger mulheres que possam construir uma sociedade mais democrática. “O nosso voto vale para eleger deputado, vereador, prefeito… mas não temos nossos direitos e espaços garantidos, que história é essa?! A mulher tem que se impor e fazer valer seus direitos!”. O deputado estadual Inácio Loiola esteve presente no evento. “Me sinto em casa neste partido. Em nenhum partido senti a preocupação que existe neste de querer o melhor para o Nordeste e para o Brasil”.

De acordo com Dora Nunes, é o momento da mulher fazer diferente nas eleições. “Porque aqui a gente tem um cacoete masculino… Nós somos um país verdadeiramente machista e o monopólio dos espaços de poder é dos homens. Como é que nós somos 52% da população e somos tão pouco representadas por nós mesmas?” Dora afirma que no Brasil as mulheres tem uma dificuldade muito grande de inter-relacionamento com os homens nas áreas de poder. “É uma briga que temos que fazer dentro dos partidos. As leis só são fortalecidas quando elas saem das casas legislativas e as políticas públicas, no geral, são feitas pelos homens. Ora, o que é que os homens sabem de parir, de amamentar, de tomar conta de casa? E como a gente vai se fortalecer dentro dos partidos?”

De acordo com Dora, é importante que se veja a questão da militância. “A gente tem que se preparar para poder se equiparar e aí disputar de igual para igual. Fortalecer as secretarias municipais; é importante a gente não se deixe abater em falar para poucas mulheres porque alí, por exemplo, podem nascer grandes líderes”.

Para Dora, outro fator importante é o protagonismo. “Temos que cristalizar, fortalecer os nossos discursos. A gente tem que se impor e dizer que a nossa luta é séria. A equidade de gênero tem que ser uma verdade”. Dora afirma que a mulher vem crescendo no poder público, nos espaços que são dos homens. “Desde que a Eva comeu aquela maldita maçã a gente leva a culpa de tudo. Não queremos mais culpa. Temos que desmistificar”.

Discutindo os espaços garantidos, avalia. “A outra questão é a dos espaços de televisão. O partido tem obrigação em dar e a gente tem que cobrar. A mulher que for “laranja”, só para compor espaço, mas que não tiver apoio em suas campanhas, ela tenha cuidado porque pode ser criminalizada. Ela está fazendo um favor e ainda vai ser criminalizada!?”

E deixou três conselhos: crescer intelectualmente, fazer a disputa interna para os espaços de poder e se fortalecer, e fortalecer o partido. Katia Born disse que as lideranças natas são descobertas no dia a dia. “É nos municípios que descobrimos que elas podem ser candidatas com o poder que detém nas suas comunidades, pela liderança que demonstram em trabalhos sociais realizados em seus bairros”. Katia avisa que quem não observar a agenda da sociedade, vai se perder na política. “Porque discriminar uma pessoa que tem opção sexual diferente, porque assassinar travestis e prostitutas?” Num evento para pré-candidatos de mais de 30 municípios Katia criticou a compra de voto. “As pessoas só querem votar se der dinheiro, tem que acabar com isso! Tem que ganhar o voto com trabalho.” A senadora Lídice da Mata falou sobre os direitos da mulher. “Na eleição passada fizemos valer a lei de cota para as mulheres; como não tinha punição, ficou no mesmo. Agora é 30% e, se não bater a cota, não vai poder preencher essas vagas com homem”. Disse que a mulher tem que reclamar seus espaços. “Não foi nenhum homem que fez a lei Maria da Penha, foi a nossa participação. Quem criou a delegacia de mulher foi a mulher, nos anos 80. Nas delegacias, o discurso era que a culpa era da mulher que apanhava. Fomos nós, organizadas, debatendo os nossos problemas que fomos construindo nosso espaço. Hoje a lei Maria da Penha é a lei mais conhecida do Brasil”. Lídice diz que a mulher tem que sair da zona de conforto e dar um pouco mais de contribuição para que a sociedade brasileira possa progredir. “Se queremos mexer nessa realidade, temos que aderir ao movimento social, entrar na política, e as mulheres têm que ser valorizadas no partido”, analisa. Ao término de sua fala Lídice deixou um desafio: “É preciso pensar numa política para financiamento de campanhas de candidatas mulheres. O partido precisa dar mais condições a isso”. Segundo Lídice, há sempre uma forma de atacar a mulher porque ela é mulher. “É hora de nos debelarmos contra isso e temos que pegar o nosso espaço, e tem que ser por cotas, isso porque não conseguimos nosso espaço naturalmente dentro da sociedade. Minha mensagem é: “Mulheres à luta! Temos que conquistar nossos espaços na política. Nós não podemos ter direitos em doses homeopáticas porque a vida exige que tenhamos qualidade de vida”, finalizou.

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