Demarcação: a mesa que virou símbolo da incoerência

Na audiência pública sobre a demarcação de terras, a composição da mesa de honra virou o principal comentário dos bastidores, e não foi por acaso.
O ex-prefeito Júlio Cézar entrou pela porta dos fundos para ocupar um assento na mesa, dividindo espaço com o também ex-prefeito James Ribeiro. A presença de Júlio estava prevista no protocolo, mas o movimento para colocá-lo ao lado das autoridades soou improvisado e politicamente calculado.
Tudo isso enquanto o advogado Adeilson Bezerra, uma das vozes mais qualificadas e ativas na luta pela regularização fundiária, ficou relegado ao papel de mero espectador.
Adeilson é quem acompanha processos no STF, articula em Brasília, dialoga com movimentos rurais e atua no enfrentamento jurídico e político da causa, mas não foi convidado a compor a mesa.
Nos corredores, a percepção era evidente: Cabo Bebeto, responsável por conduzir a audiência, deixou a vaidade e as predileções pessoais falarem mais alto. A maneira como Adeilson foi excluído alimentou comentários de antipatia, e até de certa inveja — em relação ao protagonismo técnico do advogado, que se destaca justamente por trabalhar de forma consistente e sem holofotes.
A cena expôs uma clara inversão de prioridades: enquanto quem realmente atua na pauta ficou na plateia, quem não participa dos movimentos nem do cotidiano dos agricultores ocupou o lugar de destaque.
Uma escolha que gerou desconforto, irritou lideranças e, sobretudo, não passou despercebida.



