Prefeitura usa desculpa de fraude para negar direito à educação


A Prefeitura de Palmeira dos Índios divulgou, nesta segunda-feira (9), uma nota oficial alegando que supostas fraudes em carteirinhas do programa Caminhos da Universidade seriam responsáveis pelo adiamento da emissão de novos documentos. No entanto, a justificativa apresentada não resiste a uma análise séria e transparente.

Primeiro, a existência de irregularidades não pode ser desculpa para punir toda a coletividade estudantil. Se houve fraude, que sejam identificados e responsabilizados os autores. Mas impedir centenas de jovens de acessar o transporte universitário por conta disso é generalizar a culpa e aprofundar ainda mais as desigualdades educacionais.

Segundo, o argumento da “implantação de QR Code” não pode servir como manobra protelatória. Tecnologia e controle são bem-vindos, mas não podem ser usados como pretexto para manter estudantes fora das salas de aula. O calendário acadêmico não espera por ajustes administrativos, e cada dia perdido pesa na vida de quem luta para conquistar um diploma.

Terceiro, a prefeitura tenta inverter a narrativa: em vez de reconhecer sua omissão histórica no transporte estudantil, transfere a responsabilidade para estudantes, insinuando que são eles os culpados pelo colapso do sistema. Essa postura é injusta e desrespeitosa com a juventude que já enfrenta tantos obstáculos.

O que está em jogo não é apenas uma carteirinha, mas o direito constitucional à educação. O transporte público universitário é política essencial para garantir igualdade de oportunidades. Ao negar esse acesso, a prefeitura de Palmeira dos Índios não apenas negligencia um dever básico, como compromete o futuro de toda uma geração.

Se há fraudes, que se investigue. Se há falhas no sistema, que se corrija. Mas não se pode usar a exceção para negar a regra: estudantes precisam de transporte, e precisam já. Cada jovem impedido de frequentar a universidade por falta de compromisso do poder público representa um sonho interrompido, uma carreira inviabilizada, uma vida limitada pela omissão.

A sociedade não pode aceitar desculpas burocráticas. O que se exige é ação imediata: emissão das carteirinhas, garantia de transporte digno e respeito à juventude. Porque negar transporte é negar educação. E negar educação é negar o futuro de Palmeira dos Índios.

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