Prefeita anuncia secretaria para povos originários em meio a insegurança jurídica e falta de estrutura no básico em Palmeira


A prefeita de Palmeira dos Índios, Luísa Julia, anunciou a criação da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais, afirmando ter feito história ao abrir espaço para indígenas e quilombolas na estrutura do governo municipal. Segundo a gestora, trata-se de um momento histórico, que marca o pioneirismo da cidade em Alagoas.

A nova pasta será comandada pelo cacique Xucuru-Kariri Selmo, da Aldeia Coité, enquanto a função de assessor especial ficará sob responsabilidade do quilombola Elson Paulino, liderança da comunidade Tabacaria.

Entretanto, o anúncio ocorre em meio a uma realidade bem diferente no cotidiano da população. As secretarias de Saúde e Assistência Social, pilares do atendimento básico à comunidade, não têm recebido a sustentação necessária para garantir serviços de qualidade. Faltam insumos, estrutura e respostas concretas para demandas urgentes da população.

Além disso, a medida não elimina a principal tensão em curso: a insegurança jurídica provocada pela demarcação de terras. Famílias com escrituras centenárias vivem sob ameaça, enquanto conflitos fundiários seguem sem solução definitiva.

O advogado palmeirense Adeilson Bezerra, em entrevista recente, criticou a forma como a questão vem sendo conduzida e defendeu alternativas para pacificação do cenário:

“Se eu fosse prefeito, compensaria os indígenas para que se organizassem, e assim acabava a insegurança jurídica de quem tem escrituras de terras centenárias”, afirmou.

Assim, enquanto o discurso oficial tenta vender a criação da nova secretaria como “conquista histórica”, na prática, críticos apontam que a gestão falha em assegurar o essencial à população e ainda não apresenta caminhos claros para resolver a insegurança jurídica que afeta centenas de famílias em Palmeira dos Índios.

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