Favelização da Política: Prefeitura de Palmeira transforma poder público em arma; Entenda o caso
A política de Palmeira dos Índios mostra, mais uma vez, sinais de colapso ético. Em vez de promover cultura, pluralidade e liberdade de imprensa, a gestão municipal decidiu agir com retaliação, censura indireta e uso político da máquina pública para tentar silenciar quem não se curva.
A TV Estadão Alagoas, com 13 anos de atuação na cidade e responsável pelas transmissões ao vivo do Festival de Inverno (FIPI) há três anos, foi proibida de transmitir o evento em tempo real — justamente por se recusar a depender do poder político e manter sua linha editorial livre e independente.
O motivo do veto: independência incomoda
No dia 7 de julho, a emissora protocolou um ofício solicitando uso do solo para instalar sua estrutura técnica, como faz todos os anos. A resposta não veio por vias formais, mas através de uma publicação nas redes sociais da Prefeitura, anunciando que a transmissão do festival teria caráter exclusivo.
Nos bastidores, a motivação real do veto é conhecida: o ex-prefeito Júlio Cézar, incomodado por ter sido ignorado pela TV Estadão, se frustrou com a falta de pedido de apoio financeiro ou cultural por parte da emissora. A independência editorial — tão necessária ao jornalismo — passou a ser tratada como uma afronta pessoal.
Tentativa de controle editorial e uso político da imagem pública
A Prefeitura proibiu apenas a transmissão ao vivo, exigindo que a TV Estadão — se quisesse cobrir — usasse as imagens geradas pela própria gestão. Uma tentativa clara de controlar o conteúdo, manipular a narrativa e neutralizar qualquer cobertura livre.
É censura indireta. E ilegal.
Por isso, a TV Estadão ingressou com mandado de segurança na Justiça, pedindo:
-
O direito de realizar a transmissão ao vivo, como sempre fez;
-
Acesso à mesa de som, aos bastidores e aos artistas;
-
Espaço físico para a estrutura de transmissão.
Enquanto isso, os que não fazem, torcem contra
O mais irônico — e revelador — é que veículos que não fazem transmissões ao vivo, em vez de se solidarizarem com o ataque à liberdade de imprensa, torcem contra a emissora.
Aplaudem a exclusão como se fosse mérito, esquecendo que hoje comemoram o silêncio de um concorrente, mas amanhã podem ser as próximas vítimas do mesmo autoritarismo que agora fingem não ver.
Transmissão mantida. Silêncio tático.
A TV Estadão seguirá com a transmissão ao vivo normalmente, por meio do seu canal no YouTube — uma plataforma privada, fora do controle político da gestão municipal. A Prefeitura não tem respaldo legal para impedir essa cobertura.
No entanto, a emissora optou por silenciar temporariamente a produção de matérias institucionais e opinativas, aguardando a manifestação do Judiciário.
Porque esse silêncio é estratégico. E a resistência, firme.
O jornalismo não se vende.
A liberdade não se cede.
E a TV Estadão não se cala.