Censura no FIPI? Câmara reage à exclusividade da Prefeitura e acusa perseguição à TV Estadão Alagoas
Na sessão ordinária desta quarta-feira (30), vereadores de Palmeira dos Índios denunciaram a decisão da Prefeitura de restringir a transmissão ao vivo do Festival de Inverno de Palmeira dos Índios (FIPI) exclusivamente aos canais da gestão municipal.
A Indicação nº 358/2025, apresentada pelo vereador Helenildo Neto, que faz um apelo à prefeita Luísa Julia para que as transmissões do Festival de Inverno de Palmeira dos Índios (FIPI) sejam liberadas para todos os veículos e meios de comunicação locais.
A medida atinge diretamente a TV Estadão Alagoas, que chega à sua quarta edição consecutiva transmitindo o evento, com estrutura e equipe próprias.
A emissora, diferentemente do que foi sugerido por setores ligados à gestão, não se ofereceu nem pleiteou contrato. Apenas seguiu sua missão jornalística, como faz anualmente, com compromisso, qualidade técnica e forte repercussão regional.
“Se o objetivo é divulgar Palmeira dos Índios, por que restringir quem mais ajuda a projetar o festival?”questionou o autor da Indicação nº 358/2025, vereador Helenildo Neto.
Câmara defende imprensa livre
Vereadores como Kall Melo, Geraldinho Ribeiro e o próprio Lúcio Carlos se colocaram firmemente contra a exclusividade imposta pela Prefeitura.
“Querem barrar quem transmite com qualidade. E ainda devem trazer gente de fora pra fazer a boquinha deles,” disparou Kall.
Geraldinho destacou que a pluralidade de canais fortalece o nome de Palmeira dos Índios:
“Quanto mais veículos transmitindo, maior o alcance do festival. Isso nunca deveria ser uma ameaça.”
Gileninho Sampaio adota posição cautelosa
Já o vereador Gileninho Sampaio, dono da Rádio Sampaio, tentou relativizar a restrição, afirmando que a imprensa pode cobrir o evento, mas não necessariamente transmiti-lo ao vivo. Curiosamente, sua rádio não realiza esse tipo de cobertura — o que para muitos colegas soou como uma defesa mais conveniente do que técnica.
“A imprensa não está impedida de cobrir o evento, só a transmissão ao vivo. Temos um bom alcance com flashes e externas, temos 53% de audiência na rádio”, disse.
TV Estadão Alagoas trabalha com propósitos
Com quase 19 milhões de acessos no Instagram, 31,4 mil inscritos no YouTube e cerca de 100 mil acessos mensais no site, a TV Estadão é líder regional em alcance digital.
“O sucesso do Estadão se deve ao nosso trabalho que tem propósito, não ego. Infelizmente, pela primeira vez, vejo uma prefeitura se incomodar por ser ignorada. A liberdade da gente deve incomodar mais do que a crítica. Vejo meios de comunicação como irmãs da TV Estadão Alagoas, e a ação impetrada pelo Estadão não é só de nosso interesse, mas do interesse coletivo de quem quiser fazer transmissão ao vivo, sei do potencial da nossa equipe e qualquer meio que venha transmitir será mais um órgão pra propagar a cidade,” declarou Grazi Duarte, diretora executiva da emissora.
Muito além da cobertura: conteúdo, história e cultura
Em uma das edições mais marcantes do FIPI, a TV Estadão ressignificou o festival ao unir cultura, história e memória local. Foram exibidos personagens emblemáticos como Graciliano Ramos, Tenório Cavalcante, a Viúva Porcina, entre outros, em quadros e vinhetas de alto impacto visual.
Na mesma edição, a emissora lançou um jingle exclusivo, composto pelo músico palmeirense Rômulo Caetano, radicado em São Paulo e ex-integrante da banda de Elza Soares.
A abertura da transmissão, com uma música sobre Palmeira dos Índios, transformou o início do festival em um momento de resgate cultural e identidade regional.
“É esse tipo de conteúdo que querem tirar do ar?” questionou o vereador Lúcio Carlos durante o debate na Câmara.
Evento público, mas imprensa sob veto?
O FIPI é um festival financiado com dinheiro público. A tentativa de restringir sua cobertura a poucos escolhidos — especialmente impedindo veículos experientes e independentes como a TV Estadão — levanta sérias dúvidas sobre a motivação real da medida.
Quem tem medo da TV Estadão Alagoas — e da imprensa livre?