Prefeitura banca, mas quem assiste? Murilo Huff deve barrar live no FIPI 2025
O cantor Murilo Huff, uma das principais atrações confirmadas para o Festival de Inverno de Palmeira dos Índios (FIPI) 2025, é conhecido por não permitir transmissões ao vivo de seus shows. Segundo informações extraoficiais, o show do artista não será transmitido, e deve frustrar o público que costuma acompanhar o evento pelas redes sociais ou pela internet.
A contratação de Huff foi feita por direcionamento da Prefeitura de Palmeira dos Índios, o que significa que o nome do artista foi escolhido previamente. Estaria a gestão priorizando nomes de apelo comercial em detrimento de uma curadoria cultural mais plural e conectada à proposta de um festival de inverno?
Estima-se que o cachê de Murilo Huff esteja entre R$ 450 mil e R$ 600 mil por show, a depender do local e da logística envolvida. Um valor alto, bancado com recursos públicos — que, teoricamente, deveriam promover cultura, acesso e visibilidade para o município. Ao contratar artistas que vetam lives, as prefeituras perdem a oportunidade de ampliar o alcance do evento e de valorizar o dinheiro do contribuinte. Em vez de usar a transmissão como vitrine institucional e cultural, opta-se por nomes que sobem ao palco, recebem seus cachês e vão embora sem deixar nenhum registro oficial aberto ao público.
Além disso, falta ao FIPI algo essencial nos festivais de inverno realizados em diversas cidades do Brasil: a diversidade cultural. Em outros municípios, o público encontra apresentações de MPB, teatro de rua, música instrumental e, principalmente, rock e pop rock — gêneros que tradicionalmente compõem a alma desses eventos culturais. Em Palmeira, essa identidade se dilui, sendo substituída por uma programação dominada por nomes populares da música romântica e brega, com pouca conexão com o espírito original de um festival de inverno.
A ausência de transmissão do show de Murilo Huff não é um caso isolado, mas um reflexo de decisões administrativas que precisam ser repensadas. Quando a cultura se torna apenas produto e o evento perde sua identidade, o maior prejudicado é o público — aquele que, ironicamente, paga a conta, mas nem sempre é convidado a participar.