Júlio Cézar perde terreno em Palmeira: alianças controversas, obras que viram caos e a sombra dos Wanderley
A corrida por uma vaga na Assembleia Legislativa de Alagoas movimenta os bastidores políticos na região de Palmeira dos Índios. De um lado, o ex-prefeito Júlio Cézar (MDB), do outro, o ex-prefeito de Cacimbinhas, Hugo Wanderley (MDB), que aparece fortalecido com o apoio de lideranças tradicionais e do vereador Lúcio Carlos.
Apesar de estar em pré-campanha, Júlio Cézar enfrenta uma série de desgastes que colocam em xeque sua viabilidade eleitoral. Um dos principais pontos de crítica vem da sua atuação à frente da Secretaria de Estado de Relações Federativas e Internacionais (Serfi). Desde que assumiu o cargo no governo Paulo Dantas, sua presença na política estadual tem sido considerada apagada, enquanto em Palmeira dos Índios, sua ausência abriu espaço para erros administrativos da atual prefeita, Luiza Julia, ampliando o desgaste do seu grupo político.
Outro fator que pesa negativamente sobre sua imagem é o desgaste provocado pela venda da Casal à concessionária Águas do Sertão. A implantação do sistema de saneamento básico, prometida como solução histórica, tem deixado um cenário de destruição pelas ruas de Palmeira. A população reclama de vias quebradas, poeira, buracos e obras inacabadas. O que era para ser um avanço virou dor de cabeça, e muitos moradores questionam: “Onde foram parar os R$ 100 milhões da venda da Casal?”
Júlio Cézar também tem sido alvo de críticas por conta do isolamento político. Nenhum dos atuais vereadores da cidade declarou apoio à sua pré-candidatura. A falta de articulação ficou evidente no último fim de semana, quando o deputado federal Arthur Lira (PP) participou de uma festa organizada pelo presidente da Câmara, Madson Monteiro no bairro da Cafurna — sem a presença de Júlio, que está cada vez mais distante do núcleo político local.
Para tentar equilibrar o jogo, o ex-prefeito se aliou ao grupo Garrote, adversário da família Wanderley. A aliança é vista por analistas como arriscada, já que pode ampliar o racha no eleitorado e aprofundar seu isolamento político.
Vale lembrar ainda que, na eleição passada, Júlio optou por não disputar uma vaga na Assembleia, mesmo com boas chances, e lançou sua esposa, Dra. Karla Cavalcante. A candidatura enfrentou forte rejeição popular, e muitos apontam essa escolha como um erro estratégico, motivado pelo receio de entregar a prefeitura ao vice-prefeito, Dr. Márcio.
Agora, com um cenário marcado por desgaste popular, falta de apoio político, alianças controversas e decisões mal calculadas, Júlio Cézar entra na disputa enfraquecido. E, para muitos, o feitiço político parece estar virando contra o feiticeiro.