Em crise, Correios lançam proposta para reduzir salários e suspender férias
Diante de um prejuízo de R$ 2,6 bilhões registrado em 2024 — quatro vezes maior que o déficit do ano anterior — os Correios anunciaram nesta segunda-feira, 12, uma série de medidas para conter gastos e tentar recuperar o equilíbrio financeiro. O plano estratégico da estatal prevê economia de R$ 1,5 bilhão já em 2025.
Entre as ações propostas estão a redução da jornada de trabalho (com corte proporcional de salários), suspensão temporária das férias, retorno obrigatório ao regime presencial e o fim do teletrabalho para a maioria dos empregados a partir de 23 de junho.
A estatal também prevê reestruturação de cargos comissionados, mudanças no plano de saúde e a ampliação do Programa de Desligamento Voluntário (PDV), que agora aceita inscrições até 18 de maio. Além disso, projeta captar R$ 3,8 bilhões junto ao New Development Bank (NDB) para investir na modernização dos serviços.
Hoje, apenas 15% das 10.638 unidades dos Correios operam com superávit. A estatal destaca que o apoio dos trabalhadores será essencial para superar a crise: “A contribuição de cada empregado é valiosa. Juntos, temos condições de construir um futuro mais promissor”, diz o documento interno.
O que muda para os trabalhadores
As principais medidas anunciadas afetam diretamente os cerca de 86 mil empregados da empresa:
Jornada reduzida: de 44 para 34 horas semanais, com corte proporcional de salários;
Férias suspensas: entre 1º de junho e dezembro de 2025;
Retorno ao presencial: fim do trabalho remoto a partir de 23 de junho, com exceção de quem tiver decisão judicial;
PDV prorrogado: adesão vai até 18 de maio;
Revisão de cargos: corte de pelo menos 20% no orçamento de funções comissionadas;
Mudança nos planos de saúde: nova proposta será discutida com sindicatos e pode gerar economia de 30%;
Marketplace próprio: previsto ainda para 2025, como alternativa de diversificação de receitas.
Rombo bilionário e queda na liquidez
O prejuízo dos Correios em 2024 foi o maior desde 2016 e se explica, segundo a empresa, pela queda nas receitas com encomendas internacionais, aumento dos custos operacionais (R$ 15,9 bilhões no total) e despesas com pessoal, que subiram de R$ 9,6 bilhões para R$ 10,3 bilhões.
A situação se agravou com a perda de liquidez: a estatal consumiu R$ 2,9 bilhões de suas reservas em caixa e aplicações financeiras, restando apenas R$ 249 milhões em 2025. O impacto já é visível: transportadoras terceirizadas reduziram o ritmo ou paralisaram serviços, o que tem gerado atrasos na entrega de encomendas.
Investimentos e metas ambientais
Apesar da crise, os Correios afirmam que continuarão investindo em modernização e sustentabilidade. Em 2024, foram aplicados R$ 830 milhões em renovação de frota e infraestrutura. Entre os itens adquiridos estão:
50 furgões elétricos;
3.996 bicicletas com baú;
2.306 bicicletas elétricas;
1.502 veículos novos.
A empresa diz que esses investimentos fazem parte do plano de transição ecológica e que a sustentabilidade seguirá como prioridade estratégica.