Psicóloga da APAE escreve sobre saúde Mental na Infância

A preocupação com a saúde mental cresceu muito nos últimos anos. Acompanhando as mudanças culturais e tecnológicas e seu impacto sobre o comportamento humano, se propagaram informações sobre transtornos de ansiedade e depressão que acometem jovens e adultos. Porém, no que diz respeito à saúde mental infantil não há clareza quanto á questões de adoecimento psicológico nesse período, como identificar sintomas e como promover saúde mental na infância.

Quando pensamos na etiologia dos transtornos psicológicos observamos que muitos sintomas são consolidados na adolescência ou inicio da fase adulta. Entretanto, considerando a origem multifatorial desses problemas, observamos que a maior parte dos transtornos mentais surgem como resultado da interação de fatores ambientais e genéticos durante o processo de desenvolvimento do sujeito. Desse modo, é imprescindível observar a manifestação de sintomas psicológicos na infância, bem como, a presença de vulnerabilidades que tornam o organismo suscetível a desenvolver estes problemas.

Nos primeiros anos de vida o cérebro é altamente sensível às experiências do ambiente. Assim, o que vivenciamos nos anos iniciais da vida é decisivo para o que nos tornaremos em aspectos físicos, sociais e cognitivos. Muitos problemas enfrentados pelos adultos como expressar sentimentos, controlar emoções, desenvolver disciplina para concluir projetos, são habilidades que podem ser mais facilmente trabalhadas na infância, quando o cérebro ainda está em formação. Imaginem um jovem que possui dificuldades de interação social aos 30 anos, se pudéssemos voltar à infância e fornecer oportunidades para o alcance destas habilidades, os resultados seriam surpreendentes. Por isso dar atenção a saúde emocional infantil é um ponto muito importante no que diz respeito à promoção de saúde mental, prevenção e tratamento de doenças psicológicas.

Além de pensar sobre os diversos transtornos do desenvolvimento infantil, tais como, autismo, TDH e como eles se manifestam, precisamos olhar para indicadores de que a saúde mental da criança está ameaçada, sendo os principais sintomas: mudanças no comportamento, baixo rendimento escolar, isolamento, choro e medo excessivos, dificuldade de socialização, alterações no sono, dificuldades de aprendizagem, baixo controle inibitório e outros.

As crianças também adoecem psicologicamente e possuem dificuldade para expressar e lidar com seus sentimentos, não havendo ainda maturação para responder a essas demandas. Pensando nisso, elaboramos um conjunto de estratégias para desenvolver um cérebro emocionalmente saudável:

  • Dê modelos do que a criança deve ser e seguir. Se desejamos que as crianças sejam leitoras, estudiosas ou emocionalmente estáveis precisamos que elas observem esses comportamentos nos adultos.
  • Baseie sua educação em reforços positivos e não em punição. É muito mais vantajoso aplaudir coisas certas do que se dedicar a punir comportamentos inadequados da criança.
  • Lembre-se de treinar comportamentos importantes como seguir regras, disciplina, compromisso, promovendo um ambiente que favoreça esses comportamentos.
  • Ensine a criança a compreender e regular suas emoções.
  • Ensine habilidades de enfrentamento e resolução de pro Construa um repertório adequado para lidar com dificuldades a fim de produzir um adulto saudável e seguro perante as situações da vida.
  • Não confine a criança em apartamentos. Promova momentos em que ela possa brincar, pois seu cérebro precisa disso para se desenvolver.
  • Promova o desenvolvimento de habilidades na infância. Enriqueça o repertório da criança com habilidades de leitura, esportivas, musicais e outras.
  • Busque ajuda profissional.

Em suas mãos existe um cérebro em desenvolvimento que é modelável e suscetível a qualquer tipo de aprendizagem. Este organismo precisará atender a diversas exigências do ambiente quanto às questões de vida prática, social, financeira, de trabalho e relacionamento. O que você ensina hoje treina essa criança para estas habilidades? Se a resposta for sim estamos indo por um caminho promissor.

Samila Sheila da Silva Gomes
CRP: 15/6400

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE

Palmeira dos Índios-AL

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *