Segundo a investigação, tanto Jhonatan quanto o pai dele já haviam prestado outros serviços para Martha Maria, bem como em outros apartamentos do prédio, conhecendo bem os moradores. Na tarde do crime, ele e Willian interfonaram para a residência da idosa, e tiveram a subida liberada por ela. No local, ainda de acordo com a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsável pelo inquérito, a dupla fez a patroa e a diarista reféns.
Jhonatan, então, deixou o imóvel e seguiu para um banco próximo, enquanto Willian mantinha as mulheres em cárcere. Na agência, o suspeito fez três saques de R$ 5 mil em nome de Martha Maria, devidamente autorizados por ela, que permanecia rendida, em casa. Ao retornar, a dupla teria decidido executar as duas vítimas.
Até o momento, oito testemunhas já foram ouvidas pela especializada, como parentes, o zelador do edifício e funcionários da agência bancária na qual Jhonatan esteve. O suspeito preso não tinha passagens pela polícia, mas, segundo a DHC, Willian possui extensa ficha criminal. Ele já teve a prisão decretada e é considerado foragido. Nas imagens que mostram a dupla no condomínio e que foram obtidas com exclusividade pelo GLOBO, eles aparecem às 13h34 de máscaras, bonés e mochilas, e carregam uma sacola plástica.
Pouco depois da prisão de Jhonatan, o governador Cláudio Castro comentou o caso nas redes sociais. “Menos de 24 horas após o covarde assassinato de Martha Maria Lopes Pontes, 77 anos, e Alice Fernandes da Silva, 51, em um apartamento no Flamengo, a Polícia Civil identificou e prendeu em Acari um dos suspeitos do crime, que chocou a sociedade. Parabéns à Polícia Civil pela competência e rapidez na ação”, escreveu o governador.
Os cadáveres das duas mulheres foram localizados, por volta de 17h, por homens dos quartéis do Catete e do Humaitá do Corpo de Bombeiros. Eles foram acionados devido a um incêndio no apartamento onde estavam as vítimas.
Segundo o IML, a causa da morte de ambas foi esgorjamento — lesão profunda que atingiu a garganta das vítimas e que foi provocada por ação corto-contundente, possivelmente uma faca. Filho de Alice, o bombeiro hidráulico Diogo Felixberto Fernades da Silva, de 27 anos, contou que os pintores já haviam voltado ao apartamento outras vezes em busca de dinheiro, embora o serviço já tivesse sido quitado por Martha.
— O serviço foi feito e todo pago, mas eles estavam coagindo a dona Martha a dar mais dinheiro. A dona Eleonora, filha dela, contou que há 15 dias eles bateram lá contando uma história triste e querendo mais dinheiro. Em outro episódio, na última semana, eles foram lá novamente, desta vez só com a dona Marta, colocaram o pé na porta, a ameaçaram e a coagiram para levar mais dinheiro. Nesse dia, a minha mãe não estava lá — contou.
Viúvo de Alice, o porteiro Hilário Rodrigues Leite, de 62 anos, acredita que a mulher tenha tentado defender a patroa de agressões e acabou morrendo.
— Acredito que ela foi tentar defender a dona Martha. Deixaram entrar: eles disseram que a dona Marta deixou entrar. Não se sabe. Disseram serem os pintores — disse, acrescentado que, pelo horário, já não era mais para ela estar no apartamento. — Ela saiu de casa às 6h, eu fiquei dormindo, porque era o horário normal. Ela saia sempre às 15h, quando eu passava lá. Mas, ontem, não sei o que aconteceu, não era para ela estar lá.