O advogado Nudson Harley usava um orelhão quando, segundo a polícia, dois homens armados em uma moto chegaram atirando. O advogado era de Belo Horizonte e estava prestando serviços a uma construtora de Alagoas. Segundo inquérito da Polícia Federal, as evidências indicam que o advogado foi morto por engano no lugar do então juiz Marcelo Tadeu.
O orelhão utilizado pela vítima ficava na calçada de uma farmácia em Mangabeiras, Maceió, onde o então juiz Marcelo Tadeu havia estacionado o carro. Ele saiu do veículo, mas atravessou a pista e entrou em outra farmácia, em frente ao local onde o carro ficou estacionado.
“Uma decisão dessa natureza, tão arbitrária e tão cruel, só pode ter relação com a minha atuação contra gangue fardada, prisão do chefe da gangue fardada, intervenção no grupo sucroalcooleiro, depois a minha intervenção em municípios do interior onde anulei títulos de eleitor”, disse o magistrado em entrevista à imprensa em 2021.
Ex-delegado-geral da Polícia Civil virou réu e teve ação penal extinta
Em abril de 2021, a Polícia Federal (PF) indiciou o então delegado-geral da Policia Civil de Alagoas (PC-AL), Paulo Cerqueira, pelo assassinato do advogado Nudson Harley. Segundo a PF, os elementos contidos nos autos do processo mostravam que o delegado tinha envolvimento no crime na condição de mandante.
Um dia depois da divulgação do indiciamento, Paulo Cerqueira entregou o cargo de delegado-geral. Por meio de nota à imprensa, ele afirmou ser inocente e disse que a PF se equivocou ao indiciá-lo.
Cinco meses depois, em setembro, a Justiça de Alagoas aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado (MP-AL) e tornou réu o delegado Paulo Cerqueira.
No começo do mês de maio de 2022, A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) determinou, a extinção da ação penal contra o delegado da Polícia Civil Paulo Cerqueira. A decisão da Justiça não significa que o réu tenha ganhado ou perdido a causa, mas, apenas, que o processo não poderá prosseguir, por causa da “ausência de justa causa para o exercício da ação penal”.
Diretor-geral da Polícia Civil de Alagoas, delegado Paulo Cerqueira — Foto: Carolina Sanches/G1