Edmilson Sá: O homem que enfrenta os desafios de cabeça erguida

Por Éder Patriota, repórter especial para o Estadão Alagoas
Nasceu em Cacimbinhas, AL, aos 18 de abril de 1976. Quarto filho de uma família de seis. Filho de pais semianalfabetos, camelôs – com que aprendeu e exerceu a primeira profissão – vendedor. Mora em Palmeira dos Índios, AL, desde 1982.
Logo ingressou na Escola Estadual Humberto Mendes, cursando a 1ª série do Ensino Fundamental a partir de 1983. É cristão da “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias” (Mórmons) desde 1991, quando a Igreja chegou à cidade de Palmeira dos Índios.
Toda a família – pioneira na cidade – está batizada, onde aprendi que “O SUCESSO NO MUNDO NÃO COMPENSA O FRACASSO NO LAR” (David. O. McKay), e pude aprender sobre Fé – “Creio em Deus, o Pai Eterno, em seu Filho, JesusCristo e no Espírito Santo”. Aprendi muito sobre Serviço, Gratidão, Caridade, Perdão, Tolerância, o poder da Amizade. Foi lá que eu desenvolvi o gosto pela Leitura, não só da Bíblia e do Livro de Mórmon – os quais tenho lido constantemente. Vivo intensamente a 13ª Regra de Fé da minha Religião, a qual diz: “Cremos em ser honestos, verdadeiros, castos, benevolentes, virtuosos, e em fazer o bem a todos os homens; na realidade, podemos dizer que seguimos a admoestação de Paulo: Cremos em todas as coisas, confiamos em todas as coisas, suportamos muitas coisas
e esperamos ter a capacidade de tudo suportar. Se houver qualquer coisa virtuosa, amável, de boa fama ou louvável, nós a procuraremos”, Joseph Smith.
Antes de terminar os estudos – foi acometido por uma infecção medular (Mielite Ascendente Transversa), ficando paraplégico aos 17 anos de idade, porém, ao invés de se desesperar, reclamar, desistir, pensou em como viver bem com aquela nova situação, entretanto aprendera com seu pai, que passou fome quando criança para não se entregar e sim sempre lutar por algo maior- sendo assim passou seis meses em Brasília se tratando e quando retornou à cidade, começou a sair em sua cadeira de rodas, para todos os lugares.
Além disso, foi procurado pela diretoria Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (ADEFAL), quando a entidade estava ampliando seus serviços pelo estado.
Também foi fundador e o 1º Presidente da Associação das Pessoas Com Deficiência de Palmeira dos Índios (ADEFIPI) e atua até hoje como colaborador nos assuntos sobre Acessibilidade e Inclusão Social, no final do século XX se formou no curso de magistério, hoje Escola Normal e na época desse curso não havia acessibilidade, por isso precisava sair da escola e ir a sua residência, quando necessitava utilizar o banheiro, retornando depois para a sala de aula.
Cursou a graduação em História pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) e a concluiu, apresentando um Trabalho de Conclusão de Curso, onde fala, sobre a Palmeira dos Índios dos anos de 1960 – quando recebeu o título de Cidade Modelo de Alagoas – em que fala do cotidiano, das festas e carnavais e dos cinemas e suas relações com seus habitués, sendo que no mesmo ano que se formou foi aprovado no concurso para professores do Estado.
Em 2001, foi lotado na Escola Estadual Humberto Mendes – lecionando as disciplinas de História, Filosofia e Sociologia nos Ensinos Fundamental e Médio daquela instituição.
Depois disso, iniciou a lutar pelos direitos das Pessoas com Deficiência e foi Diretor- Escolar Adjunto por dois anos.
No ano de 2013, começou a graduação de Pedagogia na UFAL, ao mesmo tempo, iniciou o curso de Direito na Faculdade CESMAC do Sertão, e atualmente concluiu o curso. Além disso, é cronista, blogueiro, Youtuber, Escritor, Ativista pelos direitos das Pessoas com Deficiência e ganhador de prêmios literários pela APALCA – Academia Palmeirense de Letras, Ciências e Artes.
Fora isso, graças aos amigos credita o gosto pelo cinema, jogos de R.P.G., passar horas e horas ouvindo e discutindo sobre música, teatro, livros, política, educação, história de quadrinhos, mangás, games, flertes, história e o Direito, em que viaja por diversas esferas dos conhecimentos, decisivas para sua formação e conhecimento.
No ano de 2014, conseguiu a guarda definitiva de suas duas irmãs, por parte de Pai, as quais vivem em sua casa e contribuíram de forma significativa para o seu amadurecimento e evolução como homem. Já em 2016 foi um dos 12 mil escolhidos no mundo, para conduzir a Tocha Olímpica Rio 2016, na cidade de Maceió.
Edmilson Sá, afirma com veemência o seguinte: “Defendo a ideia de que a maior deficiência não é física, mental, auditiva, visual e sim a estatal, pois é o Estado que é deficiente nos aspectos de acessibilidade e inclusão social, só que podemos fazer tudo, apenas nos deem acessibilidade e assim moveremos o mundo”.