“Olho Vivo”: Morte de blogueiro mostra que “pessoas” se sentem acomodadas com impunidade

Por Grazianne Duarte

 

CATS

Informar, formar e desvendar muitos, e às vezes “intocáveis” mistérios, é um dos múltiplos papéis que a Imprensa exerce e, com isso, contribui, de maneira eficaz e também arriscada, para que exista uma sociedade justa, construtiva e conhecedora de seus problemas e possíveis soluções.

O assassinato do blogueiro Antônio Victor Lopes, foi uma afronta à Liberdade de Imprensa no estado de Alagoas, tida nacionalmente como o celeiro dos grandes “coronéis”.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado segue uma linha de investigações sobre o assassinato do comunicador de que o mesmo teria sido atraído para um suposto encontro amoroso.

As autoridades devem garantir uma investigação célere e independente. A investigação deve levar em consideração especificamente a possibilidade de Victor Melo ter sido morto em retaliação ao seu trabalho.

O maior combustível para crimes contra jornalistas e comunicadores em geral é a impossibilidade que alguns setores da sociedade tem de conviver com a atividade jornalística, como a crítica ou a divulgação de interesses escusos, somada à “certeza” da impunidade.

Esse “combustível” fez crescer principalmente o número de crimes encomendados, como assassinatos e, em sua maioria, contra profissionais que cobrem política. O que permite isso, de alguma maneira, é a inércia do Estado. O Estado de Alagoas precisa reagir à altura do problema.

O mal não está na política em si mesma, mas “numa política privada que não dá conta da sua tarefa que é produzir o bem público”.

Que as autoridades competentes dêem tanta importância e chegue aos assassinos do jovem, assim como chegou aos assassinos dos dois policiais do Serviço de Inteligência, mortos por traficantes. No caso dos policiais,  não se esperou nem mesmo as vítimas serem enterradas, sequer o “sangue esfriar”, para se chegar aos autores do crime. Assim como a polícia tem confiança de que se algo acontecer a algum deles, a resposta chega de imediato, a imprensa espera o mesmo. A lei é única e deve ser cumprida!

“As pessoas” continuam matando porque se sentem legitimadas e sabem da impunidade.

Mesmo diante dos fatos, essas anomalias continuam sendo perseguidas, embora sem sucesso até agora.

Porém, a população está, graças a Deus, a cada dia mais esperta e, em contrapartida, mais sofrida, para entender que é questão de tempo, para acontecerem mobilizações populares nas ruas, dessa vez nem tão pacificamente, em nível nacional, estadual e, principalmente, municipal, que é de onde se iniciam as irregularidades. E negociatas.

Aí estão as revelações sobre crimes acontecidos em Alagoas, cujos detalhes e apurações, em não sendo divulgados por esse quarto poder, o povo não teria conhecimento de quase nada. Alguns, que se autodenominam “bons textos”, nem sabem por onde passa o princípio básico do jornalismo, que se chama prioridade sobre conhecimento de causa.

As informações estão aí e aqui. De forma segura, quem quiser ou saber querer toda e qualquer informação, procure acessar um jornalismo sério e responsável. A Secretaria de Segurança Pública, cabe assegurar que jornalistas, blogueiros, radialistas e comunicadores de um modo geral possam fazer o seu trabalho sem temerem por suas vidas.

Isso é o que o estado de Alagoas e todo País espera..

Esse tipo de fato deve ser mais um aditivo para que a Imprensa continue fazendo seu papel. Caso contrário, a luta do jovem blogueiro de nada serviria. Essa é a nossa missão.

Impunidade

O último relatório da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) aponta o Brasil como o local que mais registrou mortes de jornalistas no exercício da profissão em 2013 em todo o hemisfério ocidental.

Não é de hoje que a Fenaj, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a RSF, por exemplo, alertam para a violência contra jornalistas no Brasil. Infelizmente, notícias de intimidações, ameaças, agressões, atentados e assassinatos contra a categoria têm sido constantes nos últimos anos.

 

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