Fitoterápicos ajudam a tratar problemas digestivos e ansiedade

Existem fitoterápicos tão eficientes que são distribuídos pela rede pública de saúde do país, mas algumas regras rigorosas dificultam o registro e o reconhecimento de muitos desses medicamentos. Por conta disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) levantou uma discussão, na semana do dia 4 de março, sobre a possibilidade de criar uma nova regra para os fitoterápicos no Brasil.

A ideia é que seja criada uma categoria de “produto tradicional fitoterápico. Nesse grupo, seriam aceitas substâncias que comprovem a segurança pelo uso tradicional – sem precisar de comprovação científica – desde que cumpram as condições adequadas de higiene para fabricação. Para conhecer melhor o efeito e os cuidados com esses medicamentos, confira as explicações de especialistas no assunto:

 1. O que são fitoterápicos? 

De acordo com a Anvisa, fitoterápicos são medicamentos que têm como princípio ativo drogas vegetais, popularmente conhecidas como plantas medicinais. “Esses compostos agem sobre o organismo proporcionando ações específicas como melhora de enjoo e náuseas, aumento da saciedade, melhora do funcionamento intestinal etc.”, explica a nutricionista Alessandra Coelho, do Conselho Regional de Nutricionistas de São Paulo.

“Na fitoterapia, os medicamentos são produzidos a partir de partes das plantas, não possuindo apenas uma substância isolada e sim uma série delas”, explica Célia Von Linsingen, Gerente de Marketing Institucional e Consumo do Herbarium, empresa de fitoterápicos. Essa ação conjunta torna o tratamento mais suave e reduz os efeitos colaterais.

2. Fitoterápicos são enquadrados na classe de medicamentos? 
Sim, eles são considerados medicamentos assim como os remédios convencionais, chamados alopáticos. Por conta disso, os fitoterápicos precisam apresentar estudos científicos e outros critérios para comprovar a qualidade, a segurança e eficácia do uso. No entanto, muitos medicamentos fitoterápicos são bem antigos e não possuem esses estudos, não sendo reconhecidos pela Anvisa.

3. O fitoterápico pode substituir medicamentos alopáticos? 
Segundo Caroly Mendonça, coordenadora do curso de Fitoterapia Clínica do Centro de Pós-Graduação das Faculdades Oswaldo Cruz, o fitoterápico pode substituir um medicamento alopático dependendo da doença. “Em alguns casos, o efeito é até melhor do que de um medicamento alopático”, diz a professora. Tratamentos de gastrite, por exemplo, podem ser feitos com espinheira santa. “Mas lembre-se de que nenhuma medicação deve ser substituída sem a indicação e consentimento do profissional responsável”, alerta a nutricionista Alessandra.

4. Fitoterápicos podem trazer perigos à saúde?
O mau uso de fitoterápicos pode ocasionar problemas à saúde, como qualquer outro medicamento. A Anvisa exemplifica alguns dos possíveis problemas: alterações na pressão arterial e problemas no sistema nervoso central, fígado e rins, que podem levar a internações no hospital e até morte, dependendo da forma de uso irregular. Por isso, é fundamental usar fitoterápicos seguindo orientações de um profissional da área de saúde capacitado.

5. Fitoterapia é o mesmo que medicina ortomolecular?
Não. “A fitoterapia é uma terapia usada com extratos vegetais que vem de uma prática mais antiga e tradicional”, explica Marcelle Machado, professora do curso de Naturologia da Anhembi Morumbi, em São Paulo. Nessa técnica, todos os compostos ativos são de origem vegetal, mas não há uma substância ativa isolada.

Já a medicina ortomolecular possui como terapia a utilização de substâncias biológicas ou sintéticas, como vitaminas e minerais, de maneira isolada. “Esse uso é feito para corrigir alguma deficiência ou até mesmo para combater doenças, no caso da prescrição de antioxidantes”, explica a nutricionista Alessandra.

6. Quem pode receitar fitoterápico?
A nutricionista Alessandra forneceu uma lista divulgada pela Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais com os profissionais que podem prescrever fitoterápicos, entre eles:
– Médico, desde que seja especializado na área de fitoterapia;
– Nutricionista e cirurgião dentista (apenas produtos com indicação relacionada ao seu campo de conhecimento);
– Farmacêutico (apenas medicamentos isentos de prescrição médica para doenças de baixa gravidade);
– Enfermeiro (desde que faça pós-graduação);
– Terapeutas (técnicos em acupuntura, podólogos, técnicos em quiropraxia e terapeutas holísticos) e naturólogos podem recomendar fitoterápicos de venda livre, que não sejam manipulados;
– Psicólogos e fisioterapeutas podem recomendar fitoterápicos de venda livre apenas quando forem especializados em acupuntura.

7. Quais cuidados é preciso ter com o uso de fitoterápico?
A Anvisa lista alguns cuidados que são os mesmos destinados aos outros medicamentos:
– Buscar informações com os profissionais de saúde;
– Informar ao seu médico sobre qualquer reação desagradável enquanto estiver usando plantas medicinais ou fitoterápicos;
– Observar cuidados especiais com gestantes, lactantes, crianças e idosos;
– Informar ao seu médico se está utilizando plantas medicinais ou fitoterápicos, principalmente antes de cirurgias;
– Adquirir fitoterápicos apenas em farmácias e drogarias autorizadas pela Vigilância Sanitária;
– Seguir as orientações da bula e rotulagem;
– Observar a data de validade e nunca usar medicamentos vencidos;
– Seguir corretamente os cuidados de armazenamento;
– Ter cuidado ao associar medicamentos, pois isso pode diminuir os efeitos ou provocar reações indesejadas;
– Desconfiar de produtos que prometem curas milagrosas.

Fitoterápicos que trazem benefícios à saúde
Há por volta de 66 fitoterápicos reconhecidos pela Anvisa. Conheça alguns deles e saiba qual é a indicação:

chá de canela

Carqueja

Indicada para distúrbios digestivos e problemas no fígado. “Apesar de existir na forma de chá, é comum a utilização desse fitoterápico em forma de tintura, ou seja, um composto da erva concentrada em álcool, feito em uma farmácia manipulada”, conta Marcelle Machado. O uso não pode ser feito por grávidas, pois pode promover contrações uterinas.

Chapéu-de-couro

Também conhecido como chá-da-campanha, erva-do-brejo e erva-do-pântano, esse fitoterápico é usado para combater retenção de líquido e edemas corporais e ajudar no controle da pressão arterial. Um estudo do Laboratório de Farmacologia Neuro-Cardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz investigou os efeitos farmacológicos do extrato da planta e constatou um potente efeito vasodilatador do composto, semelhante ao atingido pelo tratamento crônico tradicional da hipertensão arterial.

Segundo a professora de Naturologia Marcelle, a contraindicação dessa erva é para pessoas que possuem insuficiência cardíaca ou renal, uma vez que o chá aumenta o trabalho dos rins e a exigência do coração.

Erva-cidreira

Ela é indicada para combater cólicas intestinais e uterinas e quadros leves de ansiedade e insônia, como um verdadeiro calmante. Fácil de ser encontrada na forma de chá, não precisa de prescrição médica. A recomendação é de usar uma xícara de chá de duas a três vezes ao dia.

Calêndula

Esse fitoterápico é encontrado na forma de pomada em farmácias de manipulação e tem poder cicatrizante e anti-inflamatório, indicada para tratar inflamações, lesões, contusões e queimaduras. O uso também pode ser feito por meio de compressas do chá, três vezes ao dia. Não é preciso prescrição médica para obter esse fitoterápico.

 

Fonte: minhavida.com

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