Médico e jornalista palmeirense Luiz Antônio Albuquerque morre aos 76 anos após batalha contra o câncer


O médico e jornalista palmeirense Luiz Antônio Albuquerque, de 76 anos, faleceu na manhã desta quarta-feira (6), em Vitória, no Espírito Santo, vítima de complicações decorrentes de um câncer. Ele estava internado se recuperando de uma cirurgia. A notícia encerra uma vida marcada por coragem, persistência e um sonho que atravessou cinco décadas até se concretizar.

Natural de Palmeira dos Índios, filho de Aluísio Guimarães de Albuquerque e Maria Luísa Marques de Albuquerque, Luiz Antônio cresceu em uma família numerosa, com oito irmãos — entre eles, Mercedes, já falecida. Casado, pai e avô, construiu sua história entre o jornalismo, a comunicação e, mais tarde, a medicina, área à qual dedicou seus últimos anos com a mesma paixão que o fez entrar numa faculdade já aos 60 e poucos anos.

Um sonho plantado na adolescência — e interrompido pela vida

Luiz Antônio descobriu o desejo de ser médico ainda no curso ginasial, no Colégio Humberto Mendes. Admirava o trabalho humanitário do médico Remi Tenório Maia, considerado por ele um exemplo de caridade e inspiração. Quis seguir seus passos.

Mas o sonho encontrou barreiras.
Nos anos 1970, antes dos vestibulares unificados, tentou três vezes ingressar no curso de medicina — sem sucesso. As mudanças no sistema, a falta de recursos da família e as dificuldades impostas pela vida acabaram adiando o projeto.

Sem alternativas, encontrou na comunicação um caminho possível. Iniciou a carreira na Rádio Sampaio, percorreu o país trabalhando em rádio e televisão, formou-se em jornalismo, constituiu família. Mas a medicina nunca deixou de ser a lacuna que o acompanhava.

Do jornalismo à medicina: a reinvenção aos 60+

Depois da aposentadoria, vieram a depressão, a inquietude e a sensação de vazio. Ele não se via parado — nem fisicamente, nem emocionalmente.
Foi então que decidiu retomar o sonho adormecido: mudou-se para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e ingressou em uma faculdade de medicina.

Enfrentou barreiras de idioma, cultura, clima e saudade. Estudou, estagiou, sobreviveu à pandemia em um país que impunha rígidas regras sanitárias — e se formou.

“Fiz para me realizar. Fiz pelos meus pais. Fiz pelos miseráveis que não têm acesso à saúde”, declarou na entrevista concedida ao Estadão Alagoas.

Internato no Brasil e planos para o futuro

Mesmo formado, continuou em busca de aperfeiçoamento. Iniciaria internato em Minas Gerais através de convênios que universidades bolivianas mantêm com hospitais brasileiros. Planejava, após o processo de revalidação, clinicar no Brasil — e, se não fosse possível, seguiria sua missão na Bolívia, onde já tinha visto de residência permanente.

Para ele, ser médico não era status. Era propósito.

Uma lição para os jovens, e para quem acha que é tarde demais

Luiz Antônio costumava dizer que a vida não termina aos 40, 50, 60 ou 70. Seu conselho era direto:

“O que você prefere? Estudar ou morrer burro?
Realizar seus sonhos ou morrer frustrado?”

E completava com firmeza:

“Levante a cabeça. Fuja do marasmo. Procure vida nova.”

Legado

Luiz Antônio deixa esposa, filhos, netos e uma cidade inteira que acompanhou, com admiração, sua capacidade de se reinventar.
Deixa também uma história que prova que sonhos não envelhecem — apenas esperam o momento de serem retomados.

Uma vida marcada pela luta, pela coragem e pela busca por propósito. Uma história que, agora, se encerra — mas que não deixa de inspirar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *