Irmãos condenados por matar auditor fiscal voltam a ser sentenciados por crimes tributários descobertos pela vítima


Os irmãos Ronaldo e Ricardo Gomes de Araújo, já condenados pela morte do auditor fiscal João de Assis, voltaram a ser sentenciados pela Justiça, desta vez por crimes tributários e lavagem de dinheiro. As irregularidades financeiras haviam sido descobertas pela própria vítima, durante fiscalizações realizadas antes do assassinato.

De acordo com a decisão, o grupo comandado pelos irmãos mantinha um esquema de sonegação fiscal em empresas de bebidas, utilizando notas frias e movimentações financeiras incompatíveis com o faturamento declarado. Além da dupla, outros familiares e sócios foram investigados e responderam por participação na organização criminosa.

O Ministério Público destacou que o trabalho de auditoria conduzido por João de Assis foi essencial para revelar o esquema que, segundo as investigações, provocou prejuízo milionário aos cofres públicos. Pouco tempo depois de apontar as irregularidades, o auditor foi assassinado em Palmeira dos Índios, em 2022 — crime que chocou o estado e gerou forte reação de servidores da Receita Estadual.

Com a nova condenação, os irmãos acumulam penas que somam dezenas de anos de prisão. A sentença também prevê o confisco de bens e valores obtidos de forma ilícita.

A decisão foi considerada emblemática por representantes da categoria fiscal. “É uma resposta importante do Estado. Mostra que, além do crime de homicídio, toda a estrutura de corrupção e sonegação foi desmantelada”, afirmou um auditor que acompanhou o caso e preferiu não ser identificado.

A morte de João de Assis tornou-se símbolo da luta contra a impunidade e da defesa da integridade do serviço público. Agora, a condenação pelos crimes tributários reforça a importância da fiscalização e o papel de proteção aos agentes que atuam no combate à sonegação.

Entidades representativas dos auditores fiscais de Alagoas voltaram a cobrar medidas de segurança e valorização profissional. “Essa decisão dá um recado claro: a violência não vai silenciar quem trabalha pela transparência e pela justiça fiscal”, destacou a nota emitida pelo sindicato da categoria.

A defesa dos condenados informou que recorrerá da decisão.

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