Casos de metanol provocam queda de 50% no consumo de destilados em Alagoas
Os recentes casos de intoxicação por metanol registrados em Alagoas acenderam um alerta entre consumidores e comerciantes e provocaram uma queda de cerca de 50% no consumo de bebidas destiladas em todo o estado. O dado foi revelado por empresários do setor e reforça o impacto da crise sanitária e de confiança que se formou nas últimas semanas.
De acordo com a Gazeta de Alagoas, bares, restaurantes e lojas especializadas têm sentido a mudança de comportamento do público, que passou a evitar bebidas como vodca, gim, cachaça e uísque, optando por alternativas consideradas mais seguras, como cervejas, vinhos e drinks à base de espumantes.
Bares adaptam cardápios e reforçam segurança
No bar ITSY Drinks, localizado em Maceió, o sócio Dalton Passos afirma que a procura por destilados caiu pela metade.
“A gente sentiu o medo dos clientes. Muitos perguntam sobre a procedência das bebidas e preferem evitar. Tivemos que reformular parte do cardápio e investir em coquetéis que não usam destilados”, contou.
A preocupação também chegou às distribuidoras e lojas de bebidas. Larissa Gleiss, diretora comercial da Menezão Bebidas, explicou que a empresa intensificou o controle sobre a origem dos produtos:
“Só compramos de distribuidores autorizados e verificamos cada caixa que chega. Não tivemos devoluções, mas o movimento caiu nos primeiros dias. Estamos trabalhando para garantir a segurança e a confiança do cliente”, disse.
Entregas de antídotos e ações da saúde pública
Diante da gravidade dos casos, o Ministério da Saúde enviou a Alagoas 84 unidades de antídotos para intoxicação por metanol — sendo 24 de fomepizol e 60 de etanol. Os medicamentos foram distribuídos pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para hospitais de referência.
A Sesau reforça que sintomas como náuseas, vômitos, dor abdominal intensa, visão turva, confusão mental e convulsões podem indicar intoxicação e exigem atendimento médico imediato. A pasta também orienta que o consumidor verifique o selo fiscal da Casa da Moeda e exija nota fiscal ao comprar bebidas alcoólicas.
Mercado em alerta e mudança de hábitos
Com a queda nas vendas e a insegurança dos consumidores, o setor de bares e restaurantes tenta se reinventar. Alguns estabelecimentos têm apostado em drinks autorais, combos de vinhos e até em eventos sem álcool para manter o movimento.
Economistas alertam que, caso a confiança não seja restabelecida rapidamente, os reflexos podem ser amplos — atingindo pequenos comerciantes, distribuidores e produtores artesanais.
“O consumo de destilados é um segmento importante para o mercado noturno e turístico. A contaminação por metanol gera um efeito em cadeia, com perda de renda e empregos”, avaliou o consultor de mercado Rodrigo Lins.
Enquanto isso, os órgãos de fiscalização intensificam as inspeções para retirar do mercado bebidas adulteradas e evitar novas vítimas. O desafio, porém, é grande: restaurar a confiança do consumidor e garantir que cada garrafa vendida em Alagoas seja realmente segura.