Entre o discurso e a prática: James Ribeiro tenta barrar Funai, enquanto Júlio Cezar e Luísa Júlia se escondem atrás da neutralidade
A disputa pela demarcação das terras Xucuru-Kariri expôs um dos maiores contrastes da política em Palmeira dos Índios: enquanto alguns agem movidos por interesses próprios, outros preferem o silêncio conveniente.
O ex-prefeito James Ribeiro tem sido a face mais visível da resistência contra o levantamento da Funai.
Ele tenta impedir o avanço dos estudos que podem confirmar a homologação das terras indígenas, justamente em uma área onde mantém propriedades.
A justificativa de que sua família vive no local não esconde o conflito de interesse. Ao usar sua influência política para pressionar o processo, James atua em defesa do próprio patrimônio, transformando uma questão de reparação histórica em uma batalha pessoal.
Mas se James Ribeiro confronta abertamente os povos indígenas, o ex-prefeito Júlio Cezar e a atual prefeita Luísa Júlia adotam outro caminho, o da omissão e vêm perdendo espaço para James, que de apagado, passou a ser protagonista do processo.
Embora tenha criado a Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais, a primeira de Alagoas, o gesto simbólico não veio acompanhado de uma postura firme diante da demarcação.
A secretaria existe, os discursos são bonitos, mas, na prática, a gestão evita se comprometer. Júlio e Luísa têm se mantido neutros, tentando agradar os dois lados: falam em diálogo com as comunidades indígenas, mas evitam contrariar grupos políticos e econômicos que se opõem à homologação.
O resultado é um governo que prefere o marketing à coragem. A criação da secretaria virou vitrine política, mas não instrumento de enfrentamento.
Em Palmeira dos Índios, o embate entre James Ribeiro, Júlio Cezar e Luísa Júlia mostra que o problema não está apenas em quem confronta os povos indígenas, mas também em quem se cala para não perder votos ou aliados.