Morre Anita Studer, a mulher que salvou Pedra Talhada e mudou a história de Quebrangulo


Quebrangulo amanheceu de luto. Faleceu, neste fim de semana, a pesquisadora suíça Anita Studer, reconhecida nacional e internacionalmente por sua atuação na preservação da Reserva Biológica de Pedra Talhada e pelo trabalho social desenvolvido no município.

Anita chegou à região em dezembro de 1980, quando realizava estudos de campo pela UNICAMP. Na mata de Pedra Talhada, avistou o anumará, ave rara registrada pela última vez no século XIX. O encontro a marcou de tal forma que decidiu dedicar sua vida à conservação da floresta.

A tarefa não foi simples. Nos primeiros anos, Anita enfrentou a resistência de fazendeiros, autoridades e até de moradores. Mas em 1985 deu o passo que mudaria o destino da mata: ao lado do então prefeito Frederico Maia e do vice-prefeito Marcelo Vasconcelos Lima, articulou o projeto que resultaria na criação do Parque Estadual de Pedra Talhada. No mesmo ano, fundou em Genebra a Associação Nordesta Reflorestamento e Educação, que garantiu recursos para reconstruir a escola da fazenda Pedra Talhada em troca do compromisso político de proteger a mata.

O esforço coletivo culminou em 18 de agosto de 1985, com a assinatura do decreto de criação do parque pelo governador Divaldo Suruagy. Poucos anos depois, em 13 de dezembro de 1989, o presidente José Sarney sancionou a criação da Reserva Biológica de Pedra Talhada, abrangendo áreas de Alagoas e Pernambuco — conquista que só foi possível graças ao empenho de Anita e à articulação política de Marcelo Lima em Brasília.

Durante as décadas de 1990 e 2000, Anita liderou projetos que marcaram gerações, como o Projeto Arco Íris, responsável pelo reflorestamento de áreas degradadas, além de programas de educação ambiental que formaram jovens quebrangulenses e os transformaram em defensores da natureza. Sua atuação também teve impacto social: escolas, oficinas, bolsas de estudo e apoio médico foram iniciativas que mudaram a realidade local.

Mais do que uma pesquisadora, Anita se tornou parte da história de Quebrangulo. Seu legado vai além da preservação da floresta, deixando a semente de uma consciência coletiva sobre a relação entre comunidade e natureza.

Mas é certo que o luto de Quebrangulo é acompanhado por ambientalistas de todo o Brasil e da Suíça, que reconhecem em Anita Studer uma das maiores responsáveis pela proteção de uma das áreas de Mata Atlântica mais importantes do Nordeste.

*Com informações David Lima

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