Suspeitos do Jacarezinho mandaram mensagens para a família antes de morrer

Parentes dos mortos da operação da Polícia Civil no Jacarezinho mostraram trocas de mensagens pelo WhatsApp que revelam como foram os últimos momentos de alguns deles durante o tiroteio na manhã desta quinta-feira (6). A operação foi considerada a mais letal da história do RJ.

Na porta do Instituto Médico Legal, na Região Central do Rio, nesta sexta-feira (6), Rosiane Mendes, tia de John Jefferson Mendes Rufino da Silva, 30 anos, mostrava a conversa que ele teve com a com a irmã Ingrid Hellen.

No texto, ele diz que está na casa, encurralado e pede para ela orar por ele.

A irmã responde: “Não sai daí de jeito nenhum”, no texto enviado às 8h15 da manhã desta quinta.

Rosiane também diz que trocava mensagem com John, mas apagou por medo. A última que ele respondeu foi às 8h24. Depois, ela ainda insistiu mandando pontos e emojis, mas não recebeu mas nenhum retorno de John.

A operação deixou 25 mortos, um deles o policial civil André Leonardo de Mello Frias, 48 anos, que foi enterrado na tarde desta sexta, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. Em entrevista, a polícia disse que os outros 24 mortos eram criminosos.

Encurralado

História parecida contou Anderson Araújo sobre o sobrinho Marlon. Ele disse que o rapaz ficou encurralado na casa onde vários corpos foram encontrados.

“Ele ligou para a minha irmã umas 8h20 falando que estava preso na casa, que não conseguia sair. Depois, umas 8h30, ele mandou uma mensagem com a voz bem baixinha dizendo:

“Mãe, ora por mim”, dizia a mensagem.

Para os parentes, as mensagens mostram o horário provável em que os familiares foram mortos e que eles estavam acuados com a intenção de se entregar.

“E daí se ele tinha envolvimento ou não? Tinha que pegar, levar e prender. Não matar. Mãe nenhuma pare traficante, não. Mãe, pare gente e mãe nenhuma merece isso”, disse uma das parentes.

Em mensagem, uma das vítimas fala que está encurralado – Foto: Reprodução

Reclamações sobre identificação

Um início de confusão se formou no IML por volta das 18h. Familiares dos mortos reclamavam de estar há mais de 12 horas no local e não ter conseguido fazer a identificação e liberação dos corpos.

” Eu estou aqui há mais de 12 horas, vi gente que chegou depois de mim ir embora e até agora nada?”, reclamava Rosiane

Um grupo cercou uma perita para cobrar explicações e ouviu que o procedimento se dá em várias etapas e que muitos corpos demoraram a chegar.

“Tudo está sendo feito minuciosamente. Tem a etapa de identificação, do scanner, se tiver projétil dentro, temos que tirar. Tem a fotografia , limpeza”, explicou a perita Maura Gonzaga.

Ela explicou ainda que peritos do IML foram chamados de folgas e de férias para ajudar no trabalho de identificação e disse que tudo está sendo acompanhado pelo MP e com interrogatórios da Delegacia de Homicídios.

Mulher diz que marido foi executado, mas polícia nega

Mais cedo, a mulher de um dos mortos no Jacarezinho disse que, ao ser localizado pela polícia, o marido, Rômulo Oliveira Lúcio, chegou a se entregar, mas ainda assim foi executado. A polícia negou.

Thaynara Paes, mulher de Rômulo Oliveira Lúcio, morto no Jacarezinho – Foto: Cristina Boeckel/G1 Rio

Thaynara Paes, de 22 anos, disse que o marido tinha 29 anos e estava em liberdade condicional. Segundo a polícia, Rômulo e mais dois mortos na operação foram denunciados pelo Ministério Público e eram procurados por tráfico de drogas.

“Os policiais entraram dentro da casa e ele se rendeu. Ele [o policial] falou ‘perdeu’. Ele já tinha se perdido. Só se rendeu. (…) Eles pegaram ele vivo e ele foi executado a facadas”.

 

 

 

G1

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