Quem furtou as armas do Museu Xucurus?

O Museu Xucurus de Artes e Costumes de Palmeira dos Índios foi arrombado na madrugada do último domingo (16) e parte do seu acervo de armas foi furtado. Funcionários deram conta que a porta principal da sede do Museu estava com sinais de arrombamento e verificaram o acervo quando constataram a ausência de armas que compunham o conjunto do Museu. Inclusive, armas nazistas.

De acordo com polícia foram furtados dois revólveres cout 44; quatro pistolas parabelum 9mm; um revólver calibre 22; um punhal e duas algemas.

Munícipes se declararam surpresas com as poucas medidas de segurança em torno das armas expostas no museu.

Simplesmente retiraram as armas, sem nenhum obstáculo.  Não havia controle algum, nenhum sistema de segurança, nenhum vigia.

Investigação da Polícia Civil busca os culpados.

Museu Xucurus

O Museu Xucurus, inaugurado em 1971 foi instalado na secular Igreja de Nossa Senhora do Rosário, erguida pelos escravos entre os anos de 1803 e 1805. A igreja foi construída em plena época da escravidão, já que os negros escravos não podiam frequentar o mesmo local que os brancos.

Com seu vasto acervo, em pouco tempo tornou-se referência de patrimônio e memória o município e é visitado mensalmente por estudantes e pesquisadores, por exemplo, mas pouco valorizado pelo poder público ao longo dos seus quase 50 anos de fundação.

Desde a sua criação, recebeu críticas pelo fato de funcionar dentro de uma igreja católica, local considerado inadequado para abrigar as milhares de peças que compõem o acervo, como armas de Tenório Cavalcante, Robson Mendes e um arsenal de rifles, carabinas e espingardas. Também encontram-se armas indígenas e vestimentas da dança ritual do toré, que tem um visual bem impactante, além de tumbas de cerâmica com ossadas humanas dentro das chamadas igaçabas.

Política

O acervo seria levado para uma nova sede.

Foi criada uma celeuma “política”, por representantes da “sociedade” de Palmeira dos Índios que demonstraram publicamente interesse pela não mudança do museu para o novo local.

Outros “cidadãos”, agiram às escondidas criando um embate que só veio a prejudicar a cultura local. É justamente neste ponto que se questiona: qual o interesse de um cidadão residente na cidade de tentar impedir essa mudança, que só irá beneficiar um elo da vasta, mas desvalorizada cultura local? O que fizeram além de “confusão” para preservar o patrimônio cultural?

A situação problemática do Museu Xucurus é tão antiga que uma máxima popular foi “criada” pelos moradores que acreditam em Nossa Senhora, de que  a cidade só irá voltar a progredir de novo quando a igreja deixar de abrigar o museu e voltar às suas atividades. A igreja precisa ser viva! Pelo visto, a sabedoria do povo está, de novo, certíssima.

O prefeito Julio Cezar sinalizou publicamente no ano passado que pretendia mudar a situação. Só que nada aconteceu até o momento, além do furto de armas dentro da casa de Nossa Senhora do Rosário. A Igreja nada determinou; há, pois, liberdade de aceitá-los ou de rejeitá-los; como há liberdade de silenciar os fatos ou de publicá-los.

“Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (cf. Rm 8,28). Essa é a certeza que precisa habitar sempre em todos nós. Não só as coisas boas, mas também as ruins concorrem para o nosso bem.

Armas na casa de Nossa Senhora! Seria o furto, um aviso?

 

 

Um comentário em “Quem furtou as armas do Museu Xucurus?

  1. Não sou apoiador de qualquer político local, sou apenas um acadêmico de história, e muitos do nosso curso discutiram sobre essa questão do Museu e chegamos a seguinte opinião, o acervo deve ficar na igreja, pelo seguinte motivo. Ao contrario do que é visto por muitos, um museu não é de fato um museu apenas por abrigar um acervo museológico, um museu o é pelo conjunto que o compõe; a Igreja passou a ser parte do acervo da instituição, pelo seu valor histórico e cultural. A comunidade católica está bem servida pela atual composição de igrejas em nosso município, e o museu não precisa ser afetado.

    Outro ponto importante é que a mudança do acervo para uma outra localidade pode acarretar em um afastamento do acervo dos olhares populares. Lembro que a instituição abriga uma documentação de valor histórico e econômico, e que essa mesma documentação pode mecher com os olhares de poderosos proprietários do município, que podem ter interesse em esconde-los.

    Além disso, penso que o maior erro dessa publicação é o uso de argumentação baseado em crendices populares, e o pior é questionar a presença de armas em uma igreja, as mesmas não são mais objetos de morte, mas sim material histórico, assim como as espadas existentes em igrejas europeias, remanescentes das cruzadas.

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