OLHO VIVO! E o tempo acabou com meu natal

Sempre nesta época natalina imergimos em pensamentos na nossa infância ou adolescência, tempo em que pensávamos que já éramos dono do nosso nariz.

Apesar de ser uma festa religiosa, o natal tem também o seu curso profano, razões também para ter a sua marca inserida no contexto de uma saudade.

Recordar o passeio na Praça da Independência em noites de festejos natalinos é algo imenso nos nossos corações, que não tem dinheiro que nos pague para arrancar fora essas memórias.

E por falar em saudade…

Saudade é uma emoção que faz parte do humor humano, que brota em algum momento da vida e está arrolada a pessoas, acontecimentos ou ocorrências vivenciadas no passado. A nostalgia pode ter um sentido positivo ou negativo.

Ela pode ser adequada, quando nos lembramos de bons momentos que ficaram para trás, como o afago que nos foi dado por uma definida pessoa, o primeiro xodó, o banho de chuva na rua ou no quintal, os amigos, a casa em que convivemos e as festas natalinas.

Contudo, para outras pessoas, essas mesmas passagens podem ser contraproducentes e até provocar angústia quando rememoradas.

Praça da Independência totalmente iluminada com lâmpadas comuns de 15 velas penduradas em longas gambiarras, parque de diversão com roda gigante, barcos, trivolim (Carrossel) de propriedade do senhor Oscar, pescarias, tiros com espingarda de chumbinhos, pipocas ou roletes de cana no balaio da Rita, ou aquele “quebra queixo” no carrinho do saudoso “Gordurinha”. (O quebra-queixo é um doce típico da culinária brasileira feito de côco e açúcar basicamente. Durante a mastigação deste doce, o quebra-queixo apresenta-se bem duro, e por isso tem-se a sensação que o queixo vai quebrar-se).

Seguindo a variedade de coisas ótimas, incluíamos as barracas (tordas) acerca do colégio de Dona Rosinha, ou na Praça da Igreja do Rosário, todas elas servindo os mais variados pratos de comida tipicamente nossa, a exemplo sarapatel, galinha ao molho pardo com feijão de corda verde, (acompanhado de manteiga de garrafa), tripas de porco torradinhas com farinha, ou até meso um bucho de bode. Bebida? Cachaça à vontade! Isto justificava  o lado profano da realização.

Como menino desprovido de qualquer mesada nada tínhamos para gastar, a não ser alguns trocados que recebíamos de algum trabalho, que detonávamos tomando “biritas” com João Canfinfa, Djalma Alfaiate, Luiz Antonio, Louro de Modesto, Jason, Josmário Silva, Severino Rosa, Adelmar Limeira, Givaldo Leôncio, Jurandir Duarte, Adailton, Quinca Ferro, Rosário Caetano, e um seleto grupo que vai mais além.

Os que não bebiam ou não rodavam em volta da praça no corso do seu flerte (namorar de fato era reprimido por causa da idade), permaneciam na calçada da Esquina do Apolônio, Lojas Brasileiras, Farmácia Tobias, Padaria do Zé Medeiros, A Princesa do Sertão, ou da Sorveteria Tupã. Quem gostava de um um jogo de sinuca permanecia pendido pelas paredes do Bar do Brivaldo. Outros preferiam ficar na porta do Cine Ideal.

Um bom divertimento, porém maldoso, era passear com a mão cheia de sal para jogar nas belas “bolas de assopro” ostentadas pela elite. Mais gostoso do que isto, era brindar a alguma “piniqueira” com um sabonete Palmolive, ganho em alguma pescaria de natal, para que pudêssemos navegar pelo seu corpo no meio das jurubebas, nas proximidades do DNOCS.

Não havia Internet e muito menos Whatssap…

Para chamar a atenção de uma garota, ou para sacanear um amigo, havia o memorável serviço de som e suas divertidas mensagens;

“Alô, Alô! Grazi Duarte; Alguém que muito lhe ama lhe oferece esta linda gravação.

Assina, você já sabe!”

Austrelino Bezerra

Fui!

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