Olho Vivo: Comissionados são pressionados nas eleições em Palmeira dos Índios

Temos recebido, nos últimos dias denúncias de servidores ocupantes de cargos comissionados, que se dizem pressionados a participar de campanha, carreatas e plotar os seus carros, pelos respectivos chefes nas repartições públicas da prefeitura de Palmeira dos Índios.

A história das campanhas políticas em Palmeira dos Índios se repete. Servidores sem vínculo, comissionados na prefeitura estão sendo obrigados a participar “voluntariamente” de atos públicos dos candidatos do prefeito. Dos cinco funcionários que conversaram com nossa reportagem, todos disseram que só fariam a denúncia, diante do anonimato, com medo de represália.

Tivemos acesso a um dos avisos “curtos e grossos”  divulgado em um grupo de whatsApp por Marluce Nunes, diretora da creche municipal Maria do Carmo Sampaio Caparica, -localizada na Vila Maria-, uma espécie de intimação para que funcionários participem das atividades realizadas em pleno sábado (22), data da carreata dos candidatos Arthur e Benedito de Lira.

Em outra postagem que o Estadão Alagoas teve acesso, um servidor afirma estar sendo submetido a pressão.

Segundo uma das servidoras, a diretora da Escola Municipal Irmã Bernadete, Maria José (Zinha)  e professores, estariam deixando de cumprir expediente para participar de campanha e agenda política dos candidatos selecionados pelo gestor. No grupo “Julio Prefeito do Povo”, fotos e textos publicados, mostram a ação de campanha explícita em horário de expediente.

 

É claro que o medo de perder o emprego fez com que a maioria cumpra ordem. Há gente que depende desse salário. Vale lembrar a frase do palhaço decadente, interpretado por Charles Chaplin, em Luzes da Ribalta: “A fome não tem escrúpulos”.

O Ministério Público Eleitoral deve ficar atento, apesar das dificuldades, em função de equipes reduzidas. Investigações de crimes eleitorais devem estar em andamento. 

De acordo com o que apurou o Olho Vivo, é assim que a campanha para os candidatos do prefeito Julio Cezar, -que tem nome de imperador, mas não é-,  arregimenta o “povo” para as mobilizações de rua. Um crime eleitoral caracterizado!

Mas há os que exercem os tais cargos em comissão porque têm amigos no poder. Uma regra sórdida e de péssimo caráter, -e isso não falta à gestão-,  cuja missão no mundo é o de replicar o modelo perverso de injustiça social em que vivemos, sem que isto lhes provoque – ao padrinho e ao afilhado – qualquer constrangimento ou dilema de consciência. E, por isso,  o povo continua a ser o mais pobre entre os pobres.

Se o beneficiário reclama porque se sente envergonhado de se apresentar como cabo eleitoral deste ou daquele candidato, bem que merece passar pelo vexame de saber que os outros o identificam como alguém que se vendeu – uma consciência negociada no balcão da vergonha.

(“Todo homem que se vende recebe bem mais do que merece” – Aparício Torelly, o Barão de Itararé.)

Deixando de responsabilizar o eleitor “pobre e analfabeto da periferia, que vende o seu voto” pela tragédia política cotidiana, alimentada por canalhas e corruptos. É de gente da classe média de quem estamos falando, uma turma que reclama tanto da corrupção alheia que nem se dá conta de que a pratica sem qualquer pudor.

Muitas vezes, a consciência é só uma questão de preço – e nem precisa ser lá grande coisa.

O “furadinho”  e as carreatas passam a ser, apenas um detalhe no carro abastecido com o dinheiro da saúde, da educação, fruto da corrupção cotidiana.

A Redação do Estadão Alagoas tentou contato com a assessoria que até o fechamento da matéria não obteve retorno.

Perseguição política aplicada ao servidor público é crime

Na Administração Pública, servidores sofrem um agravante, quando o Gestor (via de regra estranho ao serviço público) busca artifícios para se impor, por Abuso de Poder, para defender o “padrinho” e/ou o partido político que o indicou para o Cargo Comissionado.

A perseguição política é característica de gestores desqualificados e sem liderança, uma das formas mais covardes de se manipular e pressionar os servidores, sendo a Remoção e Transferência um jeito velado de se perseguir. Casos como esses costumam aflorar quando as nossas opiniões desagradam os que estão no poder.

O fato é que temos, e no atual governo em particular, um alarmante número de supostos administradores que gastam demasiada energia investindo em medidas punitivas para os seus subordinados, ao invés de devotarem tempo e atenção para motivar, incentivar, qualificar cada trabalhador, na perspectiva de sua valorização e auto-estima.

Amam o poder e por isso valorizam quem o detém, mesmo que tenham que compactuar com injustiças e pecados. Como se diz no popular – o diploma nem sempre é sinal de sabedoria.

Como nem tudo pode ser tão ruim que não tenha fim. Para a  felicidade, a tempestade passa e o sol há de brilhar mais uma vez.

O servidores precisam urgentemente derrotar a Ditadura Reinante (em pleno século XXI), e banir as perseguições covardes que ainda hoje são praticadas no serviço público.

Nesse sentido, a Lei 4.898/65, que trata do direito de representação e do processo de responsabilidade administrativa civil e penal contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, entende como fundamentais, dentre outros: a liberdade de consciência e de crença; a liberdade de associação; aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.

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