Apreensões de metanfetamina no Brasil disparam em cinco anos

 

Nos últimos cinco anos, drogas consideradas sintéticas ou de padrão elevado pelo alto custo como a metanfetamina, o haxixe e o skunk tiveram uma disparada no número de apreensões feitas pela PF (Polícia Federal) nas fronteiras do País.

De acordo com dados obtidos pelo R7 via Lei de Acesso à Informação (LAI), o número de cristais de metanfetamina coletados passou de zero, em 2012 e 2013, para mais de 470 mil unidades em 2016 (veja o infográfico no fim da matéria).

As estatísticas dos últimos cinco anos apontam para uma mudança de comportamento do narcotráfico e do consumo de drogas no Brasil.

Enquanto drogas mais tradicionais como maconha, cocaína, LSD, ecstasy e lança perfume tiveram estabilização ou queda no número de apreensões, narcóticos como o haxixe, skank e a metanfetamina bateram recordes de apreensões.

No caso do haxixe, foram apreendidos 319,4 kg da droga em 2016, enquanto nos anos anteriores as apreensões foram de 298,4 kg  em 2015, 233,9 kg em 2014 e 205,7 kg em 2012. Em 2013 não houve registro de apreensões.

Conforme explica o coronel reformado da Polícia Militar e consultor de segurança pública, José Vicente da Silva Filho, o Brasil apresenta esses números porque possui muitas características atrativas para a maioria dos distribuidores de drogas.

Além de ter uma grande população e a possibilidade de criar muitos consumidores, todo o território tem cerca de 17 mil km de fronteiras terrestres bastante recortadas. Para tornar o trabalho de fiscalização ainda mais difícil, é preciso monitorar ainda as fronteiras marítimas que somam quase 7,5 mil km de costa e são a porta de entrada de drogas vindas da Europa e de regiões do Oriente.

Segundo José Vicente, um dos pontos mais críticos é na Amazônia, onde os traficantes encontram rotas alternativas de rios para o transporte as drogas.

— Nós temos uma via que é extremamente complexa que é a entrada por barco na Amazônia. Naquela imensidão de águas que existe, é difícil fazer um patrulhamento. Por isso que é importante a inteligência nacional controle esses múltiplos meios de entrada e faça bilaterais com outros países para o combate a crimes de fronteira. A Colômbia, que negocia bem a conveniência e os interesses das polícias dos dois lados é bom exemplo disso.

A grande quantidade de drogas que entram na fronteira amazônica também ocorre por meio de aviões monomotores, de acordo com José Vicente, e caso haja algum problema é comum que os distribuidores arremessem cargas em fazendas no interior do Mato Grosso.

O problema da droga não é nem só o consumo nem o estrago que as drogas fazem. Elas fomentam para os negócios uma estrutura muito pesada de força e violência. A droga mata muito por causa disso. Isso mostra que é um problema criminal que se tem que fomenta um crime violentíssimo no Brasil.

O skank e o haxixe são dois derivados da maconha que possuem melhor qualidade e efeito. Com alto níveis de THC (principio ativo que produz os efeitos da drogas no corpo) e um cuidado artesanal mais específico, os dois produtos são mais caros e por isso atingem um mercado mais exigente. Entretanto, de acordo com médicos especializados, por serem mais fortes, o haxixe e o skank também podem ser mais prejudiciais à saúde. A metanfetamina, por sua vez, se popularizou durante a sére americana Breaking Bad. A substância é sintética e produzida em laboratórios especializados. Seus efeitos nas pessoas durante o consumo são bastante fortes e a droga é conhecida por ser muito viciante.

 

Rios amazônicos são algumas das rotas alternativas para o narcotráfico no Brasil
(Folha Press)

 

Operação Ágata

Desde 2011, o Ministério da Defesa realiza a Operação Ágata, que integra o Plano Estratégico de Fronteiras (PEF) do governo federal e tem o objetivo de prevenir e reprimir a ação de criminosos nas fronteiras brasileiras com dez países sul-americanos.

O programa é uma parceria das Forças Armadas com agentes de segurança pública nos níveis federal, estadual e municipal e ainda tem esforços de articulação com órgãos como a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança Pública, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ibama, Funai e a Receita Federal.

Apesar da grande abrangência da operação, o almirante Ademir Sobrinho, chefe do Estado-Maior do Conjunto das Forças Armadas, conta que em algumas regiões, as Forças Armadas são os únicas instituições presentes no flagrante de crimes de fronteira.

— Então em 2004 houve uma notificação na lei complementar sobre as Forças Armadas e foi dado um poder de polícia ao Exército em uma faixa de 150 quilômetros de fronteira. Um poder de polícia para crimes transfronteiriços, que envolvem o tráfico de drogas e crimes ambientais.

Segundo, o almirante, no entanto, a tarefa da Marinha, do Exército e da Força Aérea Brasileira é apenas uma atividade subsidiária da polícia na faixa de fronteira nos demais quilômetros das fronteiras brasileiras.

— Nós não podemos fazer investigação. A nossa atuação na faixa de fronteira é ostensiva e repreensiva. Não se pode fazer investigação. Nós não temos esse poder e não podemos atuar como polícia judiciária. Até hoje é complexo um flagrante de delito porque você não tem a Justiça presente nas fronteiras nesses casos. São locais isolados. A gente tem prazos legais para entregar o preso à Justiça.

Fonte R7

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