Garota assassinada pelo próprio irmão será enterrada nesta quarta-feira

O sepultamento da adolescente morta a facadas pelo próprio irmão, na madrugada de terça-feira (27), no conjunto Village Campestre II, está marcado para as 11h desta quarta-feira (28) no Cemitério Memorial Parque Maceió, no Benedito Bentes.

Júlia Izabel Chauvin Silva, de 17 anos, foi morta pelo próprio irmão com seis golpes de faca enquanto dormia. A família suspeita que o garoto J.V.C., de 14 anos, cometeu o crime durante um ato de sonambulismo.

De acordo com informações do conselheiro tutelar Henrique Leite, Luciana Chauvin, mãe dos adolescentes, informou que os três assistiram a um filme na sala de casa horas antes da tragédia, e que Júlia foi dormir mais cedo porque tinha um curso no dia seguinte.

“O filme acabou e a mãe e o filho foram deitar depois que a Júlia tinha ido dormir. Ela disse que acordou momentos depois com os gritos da filha no quarto e correu para o dormitório onde eles dormiam todas as noites. Ela presenciou a cena e viu o filho com a faca na mão e que apresentava não estar em si?”, disse o conselheiro.

Em depoimento ainda no local do crime, Luciana frisou várias vezes ao conselheiro tutelar que o garoto vinha sofrendo de sonambulismo há algum tempo. “Ela disse que, quando chegou no quarto, começou a bater nele para que ele ?acordasse?. Quando ele acordou e percebeu o que tinha feito, correu para abraçar a irmã e chorou muito”, explicou Henrique, ressaltando que a família chegou a acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas a adolescente não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

Ainda de acordo com os relatos da mãe, as crises de sonambulismo do filho não eram motivo de aparente preocupação, já que ele somente sentava na cama, falava sozinho ou andava pela casa. No outro dia, quando falavam sobre o ocorrido com ele, o garoto não se lembrava de nada.

O pai do adolescente, que é separado da mãe, disse que também já sofreu de sonambulismo, chegando ao ponto de andar na rua durante a crise. Porém, ele fez tratamento e J.V. não. O pai soube do acontecido apenas pela versão da ex-esposa.

Henrique Leite disse ainda que a família, composta pela mãe, Júlia, J.V e um bebê de nove meses, é bastante unida. “Ninguém relatou uma possível má conduta do menino. Conversamos com familiares, conversamos com vizinhos. A informação que temos é que ele ia de casa para a escola e de casa para a igreja, e que não apresentava nenhum histórico de droga ou agressão”, relatou o conselheiro que vai até o colégio onde o garoto estudava para saber se ele apresentava na escola o mesmo comportamento que a família apresentou.

O caso trágico causou comoção de todos e assustou a vizinhança. “A Iza sempre foi divertida, alegre. Ela era linda e sempre muito querida por todo mundo. A morte dela abalou o bairro inteiro, o pessoal do colégio. Está todo mundo bastante surpreso”, disse o amigo e estudante João Carlos, 22 anos.

Sonambulismo

De acordo com a médica especialista em distúrbio do sono, Lívia Gitaí, explicou que o sonambulismo é um tipo de parassonia do sono não REM (o cérebro não bloqueia os neurônios motores e o corpo obedece as ordens sonhadas) e que o indivíduo em estado de transição, entre o sono profundo e a vigília, é capaz e exercer algumas atividades.

A especialista explicou que o sonambulismo é mais comum em crianças e adolescentes. “Mas há casos que podem prevalecer até a idade adulta, principalmente em homens, e de ter algum comportamento agressivo. Por exemplo, a pessoa está em um episódio de sonambulismo, e quando uma pessoa está assim, não tem consciência do que está fazendo. Quando uma pessoa aparece para segurar ou tenta acordá-la, impedir que ela passe ou tirar algum objeto da mão, o indivíduo reage com violência. Pode dar um empurrão, bater, agredir”, disse.

Gitaí disse ainda que não é esperado que uma pessoa sonâmbula tenha um comportamento complexo ao ponto de pegar uma faca e matar uma pessoa, mas também não significa que não pode acontecer.

 

 

Fonte: Gazeta Web

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