Sindicato denuncia relação de filho de juiz com facções criminosas em AL

O Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas (SINDAPEN-AL) denuncia a ligação do advogado Hugo Soares Braga, filho do juiz da 16ª Vara de Execuções Penais, José Braga Neto, com integrantes de facções criminosas presos em penitenciárias do estado. A informação foi passada à imprensa durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (9).

O sindicato diz que o parentesco acarreta em favorecimento a presos perigosos. “O filho do juiz era estagiário e já fazia visitas a presos. Hoje ele se formou e permanece fazendo visitas. Ele atua como advogado de um dos principais chefes de uma facção”, diz Kleyton Anderson, presidente do Sindapen.

O G1 tentou falar com Hugo S. Braga mas ele não atendeu às ligações. Por telefone, o juiz Braga Neto informou à reportagem que a denúncia do sindicato é uma espécie de revanche pela atuação dele no combate às irregularidades dentro dos presídios.

“Eu vejo os malfeitos que alguns deles [agentes penitenciários] fazem e denuncio. Ele [o presidente do sindicato] está envolvido em fuga de presos, em entrada de armas no presídio. Eu não sou contra o agente penitenciário, sou contra os maus agentes penitenciários. Essa denúncia é absurda, eu desafio qualquer pessoa a provar que existe qualquer irregularidade na [Vara de] Execuções Penais”, afirmou o magistrado.

Segundo o sindicato, há vários registros no livro de visitas do sistema prisional da presença de Hugo Braga. O presidente do Sindapen reforça que o filho do magistrado atendeu a vários clientes nos anos de 2015 e 2016.

Dentre os presos que Hugo Braga visitou estão José Luciano o “Rato”, Paulo “Gordo”, Francisco “Químico”, e Jaconias. Segundo o sindicato, Francisco foi preso em São Paulo por tráfico de drogas, José Luciano também está preso por tráfico de drogas, Paulo foi preso por envolvimento na morte de dois policiais em Maceió e Jaconias foi preso em São Paulo.

O Sindapen diz ter certeza da atuação desses presos com facções criminosas. “O juiz deveria ter se declarado impedido de atuar nos presídios porque tem um parente que advoga no sistema prisional”, observou o presidente.

Kleyton Anderson disse ainda que o juiz vem interferindo em ações que são do Executivo como transferência de presos, alimentação e entrada de eletrodoméstico no sistema penitenciário. “O juiz faz atribuições que não são dele, que cabem ao Executivo”, afirmou.

“A gente vai entrar no CNJ [Conselho Nacional de Justiça] representando o juiz de Execuções  na OAB contra o filho, porque não tem como um advogado com esse vínculo atuar em casos de presos”, reforça o presidente do Sindapen.

Braga Neto afirma que o fillho, o advogado Hugo Braga, tem clientes no sistema prisional como qualquer outro advogado, e que isso não interfere na Justiça. “Quero que provem que eu tenha protegido preso ou qualquer outra coisa. Se o advogado for da instituição criminosa, isso não pode, mas todo cidadão tem direito a defesa. Meu filho não trabalha na [Vara] de Execuções Penais”.

O magistrado disse ainda que vai processar o presidente e o sindicato. “Vou processar individualmente o presidente do sindicato, enquanto pessoa física, e vou processar também o sindicato enquanto pessoa jurídica. Eles vão ser instados a provar em juízo essas denúncias”.

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