Metade dos presos em AL está vinculada a facções criminosas

Os agentes penitenciários de Alagoas reconhecem o risco de tragédia semelhante à do massacre de Manaus acontecer nos presídios do Estado. No Complexo Penitenciário Anísio Jobim, entre o primeiro e o segundo dia do ano, 56 presos foram mortos em decorrência de conflitos entre facções criminosas. Três policiais militares por pouco não aumentaram o número de vítimas. Eles, encurralados no alojamento, trocaram tiros com os detentos que usaram reféns como escudo e só recuaram com a chegada do reforço policial.

Membros do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas (Sindapen) iniciaram ontem uma fiscalização nas unidades prisionais do Estado, com objetivo de medir os riscos que correm e de alertar a categoria acerca de situações vulneráveis que devem evitar, entre elas, a escolta com baixo efetivo. O quantitativo de servidores, o cumprimento da recomendação de separar as facções criminosas e a superlotação dos presídios são algumas informações conferidas pelos sindicalistas que temem pela própria segurança dentro do sistema prisional.

“A gente vê a situação de Manaus com bastante preocupação. Com certeza, o conflito entre as facções dentro das unidades pode chegar até aqui”, afirmou o vice-presidente do Sindapen, Petrônio Lima, que, enquanto conversava com a Gazeta, por telefone, viajava ao lado do presidente da entidade, Kleyton Anderson, para o Presídio do Agreste, em Girau do Ponciano, onde, na manhã de hoje, vão se reunir com os agentes penitenciários da unidade para alertá-los sobre procedimentos que devem adotar.

“A situação é crítica em todo Brasil”, reforça Petrônio, dizendo que um dos riscos que os agentes correm é de virarem reféns. “Geralmente, quando os presos se rebelam, fazem primeiro alguém de refém”, contou o vice-presidente do sindicato. Segundo ele, desde meados do ano passado, a pedido dos próprios presos, o Estado separa os detentos de acordo com a facção criminosa. No Presídio do Agreste, por exemplo, conforme estimativa do Sindapen, existem, atualmente, cerca de 900 presos, dos quais em torno de 500 fazem parte de algum grupo rival.

“No Presídio do Agreste, dois módulos são para os integrantes do Comando Vermelho e três, para os integrantes do PCC [Primeiro Comando da Capital]”, detalhou Petrônio Lima, dizendo que cada módulo abriga cem presos. Em Alagoas, a população carcerária recolhida nas unidades prisionais soma pouco mais de quatro mil detentos e, segundo o sindicalista, cerca da metade está vinculada a alguma facção. “Todo dia o número de integrantes costuma aumentar porque o PCC, por exemplo, faz batismo dentro da prisão. Os presos que vão chegando no sistema são cooptados e depois recrutados para ingressar no grupo”, revelou.

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