Olho Vivo: Entre Sorrisos e Entojos, Tia Júlia Não Disfarça


Há noites que brilham por si. No Tiro de Guerra 07007, a formatura dos jovens atiradores tinha tudo para ser só isso: brilho, emoção, orgulho estufando o peito de quem viu esforço virar conquista. Flávio Ferreira, do Instituto Superar, escolhido como paraninfo da turma, era um desses que parecia carregar uma luz própria, aquela que nasce do trabalho sério, da trajetória limpa e do reconhecimento espontâneo. Uma luz tranquila, mas firme.

Mas toda luz, dizem, projeta sombras. E ali estava ela, a prefeita Luísa Julia, relutante, rígida, com uma expressão tão amarga que quase dava para ouvir o gosto de limão azedo no ar. Não era apenas uma cara feia. Era o entojo. Um entojo que parecia ter vida própria, pulsando, respirando, dizendo coisas que ela talvez preferisse esconder.

Porque há incômodos que o corpo entrega antes da boca falar.

Enquanto os jovens atiradores desfilavam com orgulho e as famílias aplaudiam cada passo, a prefeita parecia travada numa batalha interna, como suportar a homenagem, o brilho, o carinho que Flávio recebia de todos? Como arquitetar, ali, em plena formatura, uma fisionomia que não entregasse tudo?

Não conseguiu.

A mesma prefeita que mandou arrancar a placa do Instituto Superar, ali do entorno da Praça do Goití, com justificativas tão frágeis quanto um muro sem reboco, agora se via obrigada a dividir espaço e holofote com o presidente da instituição. E ali, diante das câmeras e dos olhos atentos, sua expressão falava mais alto que qualquer discurso.

Era uma cena quase cômica, Flávio sorria com a leveza de quem sabe que o reconhecimento vem do trabalho. Ela, com a rigidez de quem carrega um incômodo que não sabe onde guardar. O contraste era tão grande que, se alguém deixasse cair um alfinete, provavelmente ouviria o barulho da tensão.

Porque, no fim das contas, o entojo da prefeita não tinha nada a ver com a cerimônia. Nem com os jovens. Nem com o TG. Era pessoal. Era político. Era pequeno.

E ali, naquela noite de honra e respeito, ficou evidente que o brilho do outro só incomoda quem vive à sombra das próprias implicâncias.

Enquanto o Tiro de Guerra celebrava seus novos passos, tia Julia continuava travada no mesmo lugar, entre a necessidade de parecer institucional e a incapacidade de disfarçar o desconforto.

A pergunta que fica é, por que tanto incômodo?
Por que uma instituição dedicada ao cuidado incomoda mais que buracos, lixo, insegurança ou falta de serviços públicos?

E o entojo, coitado, mais uma vez fez o serviço que a diplomacia não conseguiu fazer, contou a verdade. Sem uma palavra.

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