Vacina para prevenir câncer de pulmão inicia estudos em humanos; entenda como funciona e quem deve receber

A ciência acaba de abrir um novo capítulo na oncologia: começam, em 2026, os primeiros testes em humanos da LungVax, a primeira vacina preventiva do mundo contra o câncer de pulmão.

O estudo, desenvolvido pela Universidade de Oxford e pela University College London, recebeu financiamento de R$ 13 milhões (£2 milhões) e marca a estreia de uma estratégia inédita: treinar o sistema imune para caçar células pulmonares que começam a se comportar de forma suspeita — antes mesmo do tumor existir.

O tumor de pulmão segue, há 30 anos, como o câncer que mais mata no mundo.

Como a vacina funciona

A vacina experimental usa uma tecnologia muito próxima da plataforma da vacina de Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19, de nome ChAdOx2-lungvax-NYESO.

Na prática, esse sistema funciona como um vetor viral não replicante —um vírus modificado que não causa infecção e serve apenas como meio de transporte para levar um conjunto específico de instruções até as células.

Essas instruções são um pequeno pedaço de DNA colocado dentro do vetor. Quando esse material chega às células, ele age como um comando: faz o organismo produzir um fragmento de proteína chamado NY-ESO-1.

Esse fragmento é importante porque costuma aparecer em células que começaram a sofrer alterações precoces, aquelas mudanças iniciais que precedem o câncer. Ou seja: é um marcador típico de células que saíram do comportamento normal e passaram a acumular mutações.

Ao expor o sistema imunológico a esse fragmento antes que o problema apareça de verdade, a vacina ensina o corpo a reconhecer esse sinal como algo que deve ser combatido imediatamente.

Isso significa que a tecnologia cria uma espécie de vigilância imunológica contínua no pulmão, preparada para identificar alterações muito iniciais antes de elas se transformarem em um tumor.

“Esse vetor entrega DNA para dentro da célula, que passa a produzir elementos capazes de ativar as células T. É como colocar o pulmão em vigilância constante para atacar qualquer célula que pareça tumoral”, explica o oncologista Stephen Stefani, do grupo Oncoclínicas e da Americas Health Foundation.

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