Vereador quer demitir assessora que é ateia

Responsável pela assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores de Antônio Prado, Serra do Rio Grande do Sul, a jornalista Renata Helena Ghiggi é pivô de um polêmica que repercute entre os moradores do município já gerou uma representação no Ministério Público Estadual sob a alegação de crime de perseguição religiosa. No mês passado, o vereador Alex Dotti (PMDB) defendeu a demissão da servidora por ela ser ateia e apoiar publicamente a opção em redes sociais.

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O pedido foi feito pelo vereador Alex Dotti na primeira sessão do ano, no dia 4 de fevereiro. “Eu peço a exoneração da assessora de imprensa, e a troca urgente, porque a Câmara de Vereadores e a cidade de Antônio Prado é uma cidade de fé. É isso que eu penso e eu acredito que quem não acredita em Deus pode não acreditar, mas não deve divulgar”, afirmou o vereador na ocasião. O discurso foi transcrito e publicado pela Casa.

O presidente da Câmara de Antônio Prado, Valdicir Viali (PTB), já anunciou que a possibilidade de exoneração está descartada. Marcada para a noite desta terça-feira (11) uma sessão na Casa deve voltar a abordar o assunto. O MP ainda não se manifestou sobre a representação da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos no Rio Grande do Sul (Atea-RS) contra o vereador.

Dotti diz que decidiu se pronunciar depois que a população teria ficado indignada com a assessora de imprensa, que tirou o crucifixo do plenário durante uma atividade com crianças. Depois, em janeiro, um post em uma rede social, no qual ela criticava um programa de TV que atribuía a Deus a sobrevivência de pessoas em um acidente motivou comentários agressivos do vereador.

“Na rede social eu pedi para que ela não postasse contra Deus. Ela pode pensar da maneira que ela quiser, do jeito que ela quiser. Entretanto, Antonio Prado é uma cidade de fé, a Câmara de Vereadores é de fé. Não houve atitude de preconceito”, declarou Dotti.

Renata diz ter ficado “chocada” com a manifestação e afirmou que a defesa do ateísmo é um assunto pessoal. “Quando aconteceu, fiquei chocada, pois não esperava que ele fosse levantar isso numa sessão. O debate com o vereador começou em uma postagem no meu perfil no Facebook. Coloquei um questionamento pois eu gosto de falar sobre religião. Ele entrou na discussão, nos comentários da postagem, e ela passou a ficar de baixo nível. Aí começou a história”, detalhou.

Ela relatou ainda que no ano passado tentou retirar um crucifixo que estava fixado no plenário da Câmara, mas a imagem foi recolocada alguns meses depois. “O Estado sendo laico não deve privilegiar religião nenhuma, mas o crucifixo está lá. Não há lei determinando que ele seja retirado, mas a constituição dizer que o estado é laico já deveria bastar”, opinou.

alex_editSegundo o representante da Atea-RS, Thales Vinicius Bouchaton, situações de perseguição a quem não acredita em Deus são recorrentes no estado. “Todo o dia recebemos alguma denúncia. Normalmente, de alunos que não têm religiao e sofrem bullyng. Dizem que na frente de Deus eles são o ‘diabo’”.

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