Após atentados, clima em Barcelona e Cambrils é de revolta e dor

Os terroristas que atacaram Barcelona e o balneário de Cambrils, na Espanha, preparavam um ataque de maior dimensão. Sem dar maiores detalhes, esta foi a última informação dada pela polícia no quadro das investigações do duplo atentado desta quinta-feira (17).

Até o momento, o que se sabe é que os cinco ocupantes da Van de Cambrils foram mortos pela polícia e que quatro suspeitos foram presos, três marroquinos e um espanhol, entre 21 e 34 anos.

Em Barcelona, o clima é de recolhimento. « No Tinc Por », “Não temos medo”, em catalão, foi a frase gritada por milhares de pessoas reunidas nesta sexta-feira (18) na praça Catalunha de Barcelona. Todos vieram homenagear as 14 vítimas fatais e cerca de cem feridos  do atentado com uma Van na avenida turística de Las Ramblas, que estava apinhada na hora do ataque. Flores, velas, bichinhos de pelúcia, desenhos e frases como “vocês não terão meu ódio” foram colocados em diversos pontos da avenida, como pequenos templos.

Sentimentos divididos

Barceloneses e turistas se reuniram, unidos, solenes. Daniela Padilla é uma mexicana de 29 anos que está na cidade, passando férias com amigas. Por pouco ela não estava nas Ramblas na hora do drama. E, como para muitos, os sentimentos são divididos. “Estou muito revoltada, muito triste, mas também estou muito emocionada de ver essa união e saber que compartilhamos o mesmo sentimento. Sofremos, mas também temos esperança, esperança de sorrir de novo, como diz uma das cartas colocadas aqui”, ela diz.

A catalã Mariam Islam está menos otimista. Para esta jovem de 20 anos que trabalha na mercearia de seus pais, perto das Ramblas, esse atentado deve afetar o turismo: “Certamente vai ter efeitos negativos no comércio, não apenas no nosso mas no de todo mundo aqui. Nesses últimos dias, tínhamos mais clientes, mas hoje temos muito menos. Deve ser porque as pessoas ainda estão assustadas ou estão esperando que as coisas se acalmem”.

Diversas homenagens estão programadas para esta sexta-feira e durante todo o fim de semana, como a dos jogadores do Barcelona e do rei da Espanha, que devem visitar os feridos nos hospitais.

Entre as vítimas dos atentados, há 34 nacionalidades. O governo francês indicou que entre os feridos, há 28 franceses, dos quais 18 em estado grave, entre eles, 4 crianças. Um telefone de emergência foi disponibilizado para os franceses que estão na capital catalã. O ministro das Relações Exteriores, Jean Yves-Le Drian, está em Barcelona para prestar assistência aos franceses no local.

Cooperação entre polícias da Espanha e França

A polícia espanhola transmitiu às autoridades francesas nesta sexta-feira os dados de um veículo branco, modelo Kangoo, no âmbito da investigação sobre os atentados em Barcelona e Cambrils, informou uma fonte policial francesa.

“Os investigadores espanhóis fizeram um apontamento às autoridades francesas sobre este veículo com relação aos atentados”, que causaram 14 mortos e mais de cem feridos, acrescentou a fonte. Isto confirma uma informação publicada no jornal francês Le Parisien. O veículo poderia ter cruzado a fronteira franco-espanhola.

As forças de ordem espanholas ainda procuravam quatro pessoas, entre elas, Moussa Oukabir, irmão do marroquino Driss Oukabir, já detido na quinta-feira (17) em Ripoll, 100 km ao norte de Barcelona, segundo o jornal espanhol La Vanguardia. Entre os quatro procurados, três são de Ripoll, pequena cidade de dez mil habitantes, onde três pessoas foram detidas.

O porta-voz da Polícia regional catalã, Josep Lluis Trapero, declarou que a investigação revela a existência de um “grupo de pessoas” que agiu de forma coordenada na Catalunha, especialmente em Ripoll e Alcanar, localidade ao sul de Barcelona.

RFI

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