17 de Julho de 1997: 20 anos da queda de Divaldo Suruagy

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Nesta segunda-feira, 17, completa 20 anos do levante popular que derrubou do cargo de governador do Estado de Alagoas, Divaldo Suruagy.

A crise moral, ética, econômica e administrativa tornou o nosso Estado ingovernável.

Os funcionários públicos ficaram durante dez meses sem receber os seus salários e o crime organizado controlava integralmente a segurança pública.

A sucessão de tragédias familiares vinha acontecendo dia após dia. Funcionários públicos desesperados cometiam suicídio: assassinavam seus familiares e em seguida atentavam contra a própria vida. A falência no comércio em Maceió e nas cidades do interior crescia enormemente; um rastilho de sangue e dor se propagou por toda Alagoas.

O funcionalismo vivia um clima de comoção depois de terem sido anunciados ao menos quatro suicídios motivados pela crise financeira. O mais chocante de todos foi o do soldado da Polícia Militar Leandro Alves do Carmo, que tinha 30 anos e que estava sem receber salários havia cinco meses. Na madrugada do dia 29 de abril de 1997, ele matou a mulher, Vitória, 37, a enteada Vitória Régia, 15, e a filha Fernanda, 8, e depois se matou, depois de ter atirado também contra o filho de 10 anos, que sobreviveu.

Depois de muitas greves e protestos, uma manifestação de servidores públicos composta principalmente por policiais civis e militares cercou a Assembleia Legislativa exigindo o afastamento do governador Divaldo Suruagy.

O Exército havia colocado vários soldados para proteger a sede do poder legislativo e a Praça D. Pedro II, que era cercada por grades de ferro.

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Como resposta, manifestantes armados invadiram a Biblioteca Pública e ficaram em posição de tiro nas suas janelas superiores.

Com os deputados sitiados na Assembleia, os manifestantes derrubaram as grades e invadiram a praça. Foram ouvidos vários tiros durante a derrubada das grades da praça. Houve tumulto e oito pessoas ficaram feridas. Diante da possibilidade da invasão da Assembleia, às 13h35, os deputados votaram às pressas o pedido de afastamento por seis meses do governador.

O vice-governador Manoel Gomes de Barros assumiu o governo.

Percebendo que não havia mais condições de retornar ao governo, Divaldo Suruagy apresentou sua renúncia no início 1998.

O ato ficou conhecido como ”17 de Julho” ou como ”A Queda de Suruagy”.

Trajetória

Três vezes governador, senador e deputado federal, Divaldo Suruagy (foto), esteve no centro de uma das piores crises políticas da história recente de Alagoas, o levante de 17 de julho de 1997, quando foi obrigado a renunciar ao cargo de chefe de Executivo para evitar o derramamento de sangue.

Era o fim de uma trajetória política de sucesso, de um homem público que nunca foi acusado de enriquecimento ilícito, como provam suas declarações de bens. Formado também em Filosofia e História, professor universitário e escritor, Divaldo Suruagy, na avaliação dos que o conheceram, foi traído pelo excesso de confiança depositado em alguns de seus principais auxiliares da época. Um homem culto cuja postura ética contrastava com a da maioria dos políticos da atualidade.

Retorno 

Já em 2001, Suruagy foi candidato a deputado federal pelo PMDB, onde ganhou e assumiu ficando em Brasília representando Alagoas até 2003 e encerrou sua vida política.

De acordo com pessoas próximas ao ex-governador, o mesmo tinha pretensões de voltar à carreira política em 2014 como candidato a deputado estadual, mais devido a doença acabou desistindo por ver que não tinha mais saúde para voltar a ativa na política alagoana.

Divaldo Suruagy morreu na tarde de 21 de março de 2015, aos 78 anos.

 

 

*Redação com agências

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